3 de dezembro de 2021


 

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SAP – 02/12/2021

As solitárias tentativas da reflexão*


Tenho dedicado boa parte de meu tempo de pensar e escrever ensaios, pois entendo serem estes frutos da intuição, para dar inicio a compreensão das coisas, das ideias e questionar porque as coisas são o que são naquilo que não entendemos no cotidiano, será sempre um primeiro olhar e tentar enxergar possíveis possibilidades, antes mesmo que elas aconteçam, este exercício alimenta o senso da clarividência, que desperta, que emerge, que se manifesta. Assim como ,este procedimento, alimenta a imaginação e criatividade científica.

 Porém percebo viver em boa medida, numa solidão intelectual, pois a academia, no geral, minimiza este tipo de produção do pensamento, do conhecimento,  pois, considera inócua em sua escala de valor científico. E a sociedade, sobretudo, aquela que pouco pensa, pouco lê e, que normalmente não consegue sair do território do senso comum, trata de forma indiferente esse tipo de produção. E que dizer aos que se encontram imersos no mundo das redes sociais com suas imagens e dizeres pouco agregadores, fragmentadas, alienadoras onde delas, unicamente, deriva seu alimento de vida.

Desta maneira sigo em frente em minha solidão pedagógica de criar espaços, trilhas, mapas para o amanhã. Mesmo sabendo que elas, hoje, agreguem pouco valor para os segmentos que citei acima. Como intelectual solitário, já propus a alguns companheiros (as) amigos (as), para pensarmos e escrevermos juntos, ainda estou no aguardo de respostas positivas quanto a esta questão, que considero ser muito importante abrir este leque de diálogos e sua possível disseminação. Não cansarei de esperar, pois as boas coisas da vida acontecem no processo da espera, da maturação, da confiança e do aprofundamento.

Entretanto, não irei frear meu processo de produção do pensamento e do conhecimento que considero necessário neste nosso tempo, que designo como um tempo de travessia, um tempo experimental de novos ensaios civilizatórios.  Muitas coisas boas e más, de avanços e recuos, de consciência e inconsciência, de comédia e de tragédia estão em curso e tudo carece de análises. Tudo está em cena de forma intensa, sedentas e repletas de possibilidades de  reflexões, e não me furtarei de fazê-las com meus potenciais e meus limites analíticos.

Sou apenas um pedaço de gelo no calor do aquecimento global, um folha que sombreia, talvez apenas uma árvore que resiste ao desmatamento, ao animal que sobrevive pelas queimadas e pela caça. Estou apenas a acreditar que um novo paradigma está por emergir, seu nome pouco importa, o que importa são os valores e significados que ele carrega, para tanto tenho dedicado anos nessa reflexão, e muitas laudas escritas. Como numa fase experimental que nos encontramos, onde tudo e todos os alimentos são postos a mesa, mesmo que não saibamos do que podemos e devemos nos alimentar, em sabores e gostos que não conhecemos. Sabemos que todos devemos nos alimentar, pois estamos sedentos desse alimento, do que já conhecemos e suas benesses e de outros tantos que ainda não experimentamos, porém sabemos que possuem um bom potencial nutritivo.

Mas o importante e dar visibilidade a estas temáticas pertinentes e marcantes de nosso tempo, para que possam receber as primeiras leituras e análises. Sei que no processo dialógico surgirão outras leituras, análises, escritas. Faremos nossa parte e de maneira atenta e contributiva para despertar possíveis elementos críticos imersos em um roldão de tamanha intensidade que com elas se apresentam.

Mas não esqueço que também sou academia, também sou senso comum, também estou em redes sociais. O que tento é revarolizá-los para que em algum momento possamos nos encontrar e estabelecer os diálogos de saberes e experiências necessárias. Afinal queremos que o amanhã seja algo superior ao que está posto.

*Paulo Bassani é sociólogo e professor universitário

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