Geral Artigo - Ta no Site
SAP – 02/12/2021
As solitárias tentativas da
reflexão*
Tenho dedicado boa parte de meu tempo de pensar e escrever ensaios, pois entendo serem estes frutos da intuição, para dar inicio a compreensão das coisas, das ideias e questionar porque as coisas são o que são naquilo que não entendemos no cotidiano, será sempre um primeiro olhar e tentar enxergar possíveis possibilidades, antes mesmo que elas aconteçam, este exercício alimenta o senso da clarividência, que desperta, que emerge, que se manifesta. Assim como ,este procedimento, alimenta a imaginação e criatividade científica.
Porém
percebo viver em boa medida, numa solidão intelectual, pois a academia, no
geral, minimiza este tipo de produção do pensamento, do conhecimento,
pois, considera inócua em sua escala de valor científico. E a sociedade,
sobretudo, aquela que pouco pensa, pouco lê e, que normalmente não consegue
sair do território do senso comum, trata de forma indiferente esse tipo de
produção. E que dizer aos que se encontram imersos no mundo das redes sociais
com suas imagens e dizeres pouco agregadores, fragmentadas, alienadoras onde
delas, unicamente, deriva seu alimento de vida.
Desta
maneira sigo em frente em minha solidão pedagógica de criar espaços, trilhas,
mapas para o amanhã. Mesmo sabendo que elas, hoje, agreguem pouco valor para os
segmentos que citei acima. Como intelectual solitário, já propus a alguns
companheiros (as) amigos (as), para pensarmos e escrevermos juntos, ainda estou
no aguardo de respostas positivas quanto a esta questão, que considero ser
muito importante abrir este leque de diálogos e sua possível disseminação. Não
cansarei de esperar, pois as boas coisas da vida acontecem no processo da
espera, da maturação, da confiança e do aprofundamento.
Entretanto,
não irei frear meu processo de produção do pensamento e do conhecimento que
considero necessário neste nosso tempo, que designo como um tempo de travessia,
um tempo experimental de novos ensaios civilizatórios. Muitas coisas boas
e más, de avanços e recuos, de consciência e inconsciência, de comédia e de
tragédia estão em curso e tudo carece de análises. Tudo está em cena de forma
intensa, sedentas e repletas de possibilidades de reflexões, e não me
furtarei de fazê-las com meus potenciais e meus limites analíticos.
Sou
apenas um pedaço de gelo no calor do aquecimento global, um folha que sombreia,
talvez apenas uma árvore que resiste ao desmatamento, ao animal que sobrevive
pelas queimadas e pela caça. Estou apenas a acreditar que um novo paradigma
está por emergir, seu nome pouco importa, o que importa são os valores e significados
que ele carrega, para tanto tenho dedicado anos nessa reflexão, e muitas laudas
escritas. Como numa fase experimental que nos encontramos, onde tudo e todos os
alimentos são postos a mesa, mesmo que não saibamos do que podemos e devemos
nos alimentar, em sabores e gostos que não conhecemos. Sabemos que todos
devemos nos alimentar, pois estamos sedentos desse alimento, do que já
conhecemos e suas benesses e de outros tantos que ainda não experimentamos,
porém sabemos que possuem um bom potencial nutritivo.
Mas
o importante e dar visibilidade a estas temáticas pertinentes e marcantes de
nosso tempo, para que possam receber as primeiras leituras e análises. Sei que
no processo dialógico surgirão outras leituras, análises, escritas. Faremos
nossa parte e de maneira atenta e contributiva para despertar possíveis
elementos críticos imersos em um roldão de tamanha intensidade que com elas se
apresentam.
Mas
não esqueço que também sou academia, também sou senso comum, também estou em
redes sociais. O que tento é revarolizá-los para que em algum momento possamos
nos encontrar e estabelecer os diálogos de saberes e experiências necessárias.
Afinal queremos que o amanhã seja algo superior ao que está posto.
*Paulo
Bassani é sociólogo e professor universitário
Nenhum comentário:
Postar um comentário