Entrevistas





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FANORPI 
Santo Antônio da Platina - PR







FDL - Fórum Desenvolve Londrina desta quinta-feira dia 01/07/2021
Recebeu a fala e participação de Dona Rosalina Batista e da Irmã Maria José Picarti. Uma fala de luta e organização das mulheres, jovens e populações excluídas de Londrina. Em destaque o trabalho no Conjunto União da Vitória e do Franciscato. Em destaque duas frases por elas emitidas: Rosalina -"Quem não sonha não investe em mudança". Irmã Maria José - "O senhor é meu pastor e nada me faltará". Um vida dedicada aos humildes e aos que sofrem da ausência dos direitos humanos e sociais. Um exemplo de luta e dedicação.





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ENTREVISTA - DEZEMBRO/2011
      
  Luiz Penteado Figueira de Mello tem 58 anos e é formado em agronomia na Luiz de Queiroz - USP, em Piracicaba. É também especialista em Macro Planejamento, Planejamento Estratégico e Planejamento e Desenvolvimento de Complexos Comerciais. Foi Diretor Presidente do IPPUL (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) nos anos de 2005 e 2006, é o idealizador do Plano Regional de Desenvolvimento Estratégico ARCO NORTE e presidente do instituto Ecometrópole. Luiz Figueira esteve na UEL no último dia 26, ministrando uma atividade da edição 2011 do GEAMA, e nos concedeu uma entrevista. Confira alguns trechos da entrevista logo abaixo e o áudio, com a entrevista na íntegra, em breve aqui.




       O que é o Ecometrópole? Qual é a principal Preocupação? Ele está aberto ao envolvimento de qualquer pessoa?
      O programa Ecometrópole é a perna ambiental do plano estratégico de desenvolvimento regional ARCO NORTE. Esse programa, o Eco Metrópole, é um programa “multi-institucional”, são várias instituições que co-participam da sua construção. Ele nasceu como Águas do Arco-Norte, era a questão ambiental trabalhada a partir das águas do Arco. Depois a visão foi ampliada à bacia do Tibagi e verificou-se a necessidade de estar cuidando também do território do Baixo-Tibagi, então chamamos de Acquametrópole. E, por fim, Ecometrópole porque abrangia, não só a questão das águas, mas a questão dos resíduos, a questão industrial, da produção difusa e outras questões ambientais que foram incorporadas dentro do programa.
     Por ser um programa multi- institucional, nós constituímos uma ONG cujo princípio e grande objetivo é articular o programa com outras entidades e negociar com o poder público, fazer com que esse programa crie um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, então esse é o grande papel do instituto Ecometrópole: Ser o animador, o articulador desse programa. Hoje muitas instituições participam, e o instituto faz essa articulação pra que a gente possa avançar. Qualquer pessoa, cidadão, instituição pode vir, agregar. Nós inclusive precisamos de pessoas interessadas.
        Para deixar claro, o Ecometrópole  é uma parte do Arco norte?
        Ele é a perna ambiental do plano estratégico de desenvolvimento regional, e a perna econômica e social é o ARCO NORTE. Toda a articulação visando o desenvolvimento industrial, as logísticas, o sistema viário, ferroviário, a estruturação da metrópole futura e suas políticas públicas no desenvolvimento econômico e social estão no Arco Norte.
        O Arco Norte pretende desenvolver os municípios envolvidos de que forma?
      A metrópole tem que ser desenvolvida com sustentabilidade. A intenção é que cada cidade que participa dessa metrópole tenha suficiência de desenvolvimento, que não sejam meras cidades dormitórias, que tenham atratividade, que desenvolvam na sua plenitude seus potenciais pra que a gente não encontre os mesmos erros das outras metrópoles, como cidades com graves problemas sociais. Não queremos repetir essa dinâmica, então temos essa preocupação, que o desenvolvimento se dê de forma harmônica com todas as cidades envolvidas.
        O Arco Norte é uma idealização de quem?
      Ele foi idealizado por mim, enquanto diretor presidente do IPPUL, depois desenvolvido dentro do IPPUL, e mais tarde foi ampliado. Hoje já tem muitas entidades que o defendem. Como ele é um projeto nascido de discussão com a sociedade – e não de cima pra baixo - é um projeto em construção, que tem vários olhares, com contribuição de todos os setores da sociedade. É um olhar de desenvolvimento organizado em gestão compartilhada, que é no que a gente acredita.
       Com a sua saída do IPPUL, o projeto se desliga da prefeitura? Em que pé ele se encontra agora pra Londrina e pros outros municípios?
        Em relação ao ARCO-NORTE nós tivemos dois marcos legais: Um que já está aprovado na Câmara, primeira apresentação em 2006, criando o macro zoneamento do sítio aero portuário que é a âncora desse projeto do plano estratégico. O outro é o decreto de utilidade pública da área do sítio aeroportuário. Essa é uma ação que tá sendo capitaneada hoje pela CODEL, através do Marcelo Mafra – que é o coordenador da prefeitura no projeto, que faz essa interlocução do poder público com a sociedade civil organizada especialmente com ACIL, FIEP, Sociedade Rural, e outras entidades públicas, com a sociedade civil organizada especialmente com ACIL, FIEP, Sociedade Rural, e outras entidades. Estamos levando esse sonho, essas construções coletivas para instituições estaduais, federais, dos parlamentares, governantes. Tanto do legislativo quanto do executivo, pra que ele saia do papel, pra que se torne política pública. Pra que a gente consiga ter recursos que estejam constando no orçamento, dentro dos planos plurianuais, enfim, pra que efetivamente aconteçam. Isso ta sendo feito com muita articulação. Tem horas que avança mais rapidamente, outras que reflui. Mas é um movimento da sociedade em curso e esperamos, com isso, construir um ambiente que se dê independentemente da vontade ou da gestão pública especificamente. Que transcenda o calendário da política eleitoral, que seja um projeto da sociedade e que vise esse desenvolvimento sustentável e essa construção coletiva tão necessária pra mudar a nossa realidade.
     Você fala sobre o desenvolvimento sustentável. Londrina tem 510 mil habitantes, é uma cidade muito grande, isso é realmente possível pra nossa cidade? A que prazo?
       A minha Londrina já tem um milhão, porque vai de Ibiporã à Apucarana e tenho absoluta convicção de que é factível sim. Nós temos instituições, estruturas que permitem que isso se dê. Nosso nível de escolaridade está muito acima da média nacional, de educação.. Nós temos uma sociedade organizada atuante. Então nós temos os componentes necessários pra que a gente avance nesse projeto de construção coletiva.
       Eu sou otimista, acho que a gente tem uma condição de realmente transformar Londrina numa referência não só nacional como mundial de sustentabilidade, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento humano. Só tem sentido a gente imaginar um desenvolvimento se for com esse propósito, das pessoas poderem atuar na plenitude das suas capacidades. O conceito que tá por trás de toda essa proposta é que a gente construa um mundo que seja mais justo, com justiça social, onde as pessoas sejam mais felizes, que a gente permita traduzir isso em qualidade de vida pra todos. A gente fala muito de inclusão social, como se fosse só econômica, mas a inclusão social também se dá pelas sabedorias, onde as pessoas tem maior conhecimento, consciência, civilidade, maior dever cívico. Enfim, que se tornem efetivamente cidadãos.
        As mudanças reais são provocadas coletiva o individualmente?
        Eu acho que são as duas coisas. A sociedade avança na medida em que cada indivíduo avança. Eu sou de São Paulo e amo essa terrinha porque aqui a gente tem uma força de interesse e de participação muito grande. Ainda é bastante perceptível, a gente percebe na discussão com as entidades, no envolvimento com vários segmentos da sociedade, que as pessoas querem participar. O espírito de solidariedade é muito presente na nossa sociedade e a gente tem que aproveitar isso de maneira inteligente articulando isso de maneira que a gente possa construir essas transformações necessárias.
        Você acha que a mídia tem se mostrado mais ou menos “amiga” das questões ambientais?
        A mídia de modo geral cobre pouco a questão ambiental. Ela poderia contribuir de maneira mais propositiva, nós temos que sair dessa linguagem só de denuncia, de problemas, e ser mais propositivo no sentido de formar, de ajudar a construir esse processo. Em relação ao ambiente urbano, nós temos uma cidade real muito distante da cidade legal e isso se traduz em deterioração do ambiente urbano. Quando o cidadão constrói sua casa de maneira irregular, ele ta contribuindo pra destruição desse patrimônio urbano porque ele tá criando um problema. Ele não ta se adequando àquilo que a cidade quer construir, que está posto na lei. Acho que o papel da imprensa deve ser no sentido de orientar, de criar uma informação, de ter responsabilidade no processo de formação dessa sociedade. É um processo lento, gradual e sem ele a gente não consegue mudar o todo.
       Todos os dias a gente vê a reprodução do discurso ambiental apropriado por empresas. A gente vai ao mercado e vê produtos rotulados com “produzido sem agredir o meio ambiente”, mas que na verdade não propõem nada, ou mudam muito pouco, enfim. Em quem o cidadão, o consumidor, pode confiar? E o que ele pode fazer pra mudar o dia-a-dia?
      Essa ação midiática que tá posta, banco falando de sustentabilidade, produtos cosméticos falando de sustentabilidade, enfim, virou moda! Efetivamente parece que são anúncios, posturas que não chegam ao cidadão, ele não consegue se identificar efetivamente. O próprio trabalho da mídia trata como algo distante do cidadão. Ela ta tratando como uma coisa exotérica, distante mesmo ‘Ah, aquecimento global, Amazônia ameaçada’, mas não traz aqui pra perto de nós a questão daquilo que cada um tá fazendo. Infelizmente a questão ambiental, pro cidadão comum, tá resumida ao seu saquinho de lixo que, na hora que foi recolhido pelo lixeiro, não é mais responsabilidade dele.  A gente tem que mudar esse comportamento, a gente tem que gerar a menor quantidade possível de resíduos, temos que criar uma cultura de preservação, de cuidados individuais. O cidadão consciente de que ele é efetivamente um agente poluidor que precisa minimizar suas ações muda de comportamento, ele pode estar construindo um ambiente mais favorável à harmonia, ao equilíbrio desse desenvolvimento.
        Tudo isso passa pelo processo de aprendizado. Vale à pena pesquisar, se inteirar, pra que a gente possa se aprimorar. E cada indivíduo aprimorado é reprodutor dessa idéia, é um ser consciente, um cara que acaba reproduzindo e assim a gente vai construindo a cultura do pensar coletivo, de que a gente precisa estar integrado e de alguma maneira construir um mundo melhor.


      ENTREVISTA DO MÊS: NOVEMBRO- 2011


        Por Isabela Cunha - Cclaboradora do GEAMA

No mês de novembro, o GEAMA conversou com Renato Rayner , 45 anos – membro do assentamento do MST Dorselina Folador. Além da formação do grupo e de suas características principais, Rayner falou também sobre as principais preocupações e projetos do movimento, em relação à questão ambiental.      


Quando e como se deu a formação do assentamento Dorselina Folador
      O assentamento começou no fim de 1998, quando então, soube-se terras pertencente ao banco do Brasil , seriam leiloadas no município de Arapongas, então nós resolvemos entrar também nesse leilão, unindo um lance de 100 famílias, com o objetivo de tentar cancelar esse leilão, uma vez que nós entendíamos que áreas públicas deveriam ser destinadas à reforma agrária.  Cancelado o leilão , entramos em negociação com o INCRA. Em fev de 1999 acabamos fazendo a ocupação definitiva


     Porque o assentamento leva o nome de Dorselina Folador?
      O nome é em homenagem da prefeita de Mundo Novo – MS , que foi assassinada por membros do narcotráfico da região na mesma época em que estávamos realizando a ocupação do local. A prefeita era uma militante bastante engajada no movimento sem terra, tinha proximidade com algumas famílias do nosso acampamento. Os militantes do MST tem esse costume de homenagear pessoas que lutam por causas populares do nome para lembra-los.

    
     Quantas famílias moram no assentamento e como se deu a divisão dos lotes?
       Cerca de 93 familias,uma média de 500 pessoas. Cada família detem em torno de 6 hectares, desde o início houve uma discussão com todas as famílias para debatermos a melhor forma de assentamento, produção e organização interna.


  Como funciona o assentamento como a sua divisão, modo de produzir, comercialização de produtos e outros?
      O assentamento é separado em 9 grupos, ficando cerca de 10 familias em cada grupo. Há também um coordenador para cada grupo e todos os sábados ocorrem reuniões com os coordenadores de cada grupo. Para a divisão das terras, houve um consenso geral, não houve grandes conflitos para a divisão. Quanto a produção, de início havia a idéia de se constituir “agrovilas” não foi possível pela questão da área mesmo que não viabilizava .Logo acabamos conversando com cada família que tipos de produtos cada uma delas teria mais habilidade para administrar. Quanto aos produtos, além de gado leiteiro, trabalhamos com hortaliças , algumas frutas e cana de açúcar.


   Como funciona a educação no assentamento? Existem programas de educação ambiental?
      Desde o início a questão da educação é uma das prioridades, não há escola dentro do assentamento, mas na época em que ocorreu a ocupação já havia uma escola municipal Rural ( Escola municipal de São Carlos ) ao lado do assentamento de 1ª a 4ª serie. Após esse nível, os alunos passam a freqüentar escolas dos distritos próximos como Aricanduva e o ensino médio na cidade de Arapongas. A longo prazo há o projeto de uma escola dentro do assentamento, mas sem previsão de data . Quando a educação ambiental , sempre foi uma preocupação do assentamento, nós sempre tivemos o objetivo de realizar produção e cultivo orgânico. Há muitas terras vizinhas na nossa região que utilizam bastante agrotóxico isso acaba interferindo também nas terras do assentamento.


     Quais são as principais lutas do MST? O meio ambiente faz parte dessas lutas?
     O MST continua apoiando movimentos populares e que tenham iniciativa de mudanças. Além da reforma agrária, a questão ambiental é algo sempre presente nas causas do movimento , temos o objetivo de produção agrária da forma mais segura para o meio ambiente sem contaminação e impactos de outras formas.

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   ENTREVISTA DO MÊS: SETEMBRO-2011
      
      Entrevista realizada com a Prof. Dra Irene Domenes Zapparoli*, a respeito de sua palestra apresentada na edição 2010 do GEAMA no dia 27de agosto, com o tema "POLÍTICAS PÚBLICAS, RESPONSABILIDADES SÓCIO-AMBIENTAIS E GESTÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS".
*Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina (1981) e mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990). Estudos de doutorado no Institute of Education / London University, no período de 2001 a 2004. Doutora pela Pontífica Universidade Católica, 2007, no Programa de Pós-Graduação em Educação: História, Política, Sociedade e Ciências Sociais. Atualmente professora adjunto do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina, é Coordenadora do Curso de Especialização de Economia do Meio Ambiente - UEL e Diretora do Núcleo de Pesquisas do Meio Ambiente (NEMA/UEL). Tem experiência na área de estudos socioeconômicos e cultural, com ênfase em licenciamento ambiental. Atuando nos seguintes temas: Resíduos sólidos, PCHs, UTEs e parcelamentos de lotes urbanos como opção de segunda moradia ou residência.

 Quais as diferenças entre as matrizes energéticas limpas e as renováveis?
A geração de energia pode ser de fonte renovável e não-renovável. O Petróleo, carvão coque e o gás natural, devido ao período de tempo que os serviços ambientais necessitam para sua reposição, são chamados de não-renováveis. Já as energias limpas são consideradas aquelas que impactam o mínimo possível e se encontram em maior abundância na natureza. 

Assim, podemos afirmar, que o Cenário Business AS USUAL é um cenário baseado em crescimento moderado em rupturas tecnológicas, impactos moderados de movimentos ambientalistas, crescimento econômico moderado e com mudanças moderadas na geopolítica. (CENARIOS ENERGETICOS GLOBAIS 2020). A sigla TOE em Inglês significa Tonelada Equivalente de Petróleo. Na Tabela 1 é possível observar a evolução da matriz energética mundial.














    

      O que fazer com o entulho (construção civil)  durante e depois da realização de uma obra?

A geração dos resíduos da construção civil está baseada na adoção da característica da construção civil se será convencional ou com sustentabilidade.          
Quadro 1 - Característica da construção civil convencional com a sustentável


      






















 Quais são os diferentes tipos de ambientes?

Meio ambiente: Odum e Samiento apud Barbieri (2004) distingue três tipos de ambientes:
a.    O fabricado ou desenvolvido pelos seres humanos, constituído pelas cidades, pelos parques industriais e corredores de transportes como rodovias, ferrovias e portos;
b.    O ambiente domesticado, que envolve as áreas agrícolas, florestas plantadas, açudes, lagos artificiais,
c.    O ambiente natural, constituído pelas matas virgens e outras regiões auto-sustentadas, pois são acionadas apenas pela luz solar e outras forças da natureza, como precipitação, ventos, fluxo de água e etc.. Fonte:  ( BARBIERI, José Carlos, 2004, p. 2)

       Qual a importância e as dimensões da gestão ambiental hoje?
Dimensões da Gestão ambiental: A expressão gestão ambiental aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relativas a qualquer tipo de problema ambiental.  Segundo Barbieri, qualquer proposta de gestão ambiental inclui no mínimo três dimensões:
(1) Dimensão espacial: que concerne à área na qual se espera as ações de gestão tenham eficácia
(2) Dimensão temática: que delimita as questões ambientais às quais as ações se destinam;
(3) Dimensão institucional: relativa aos agentes que tomaram as iniciativas de gestão. 
(4) Dimensão filosófica: trata da visão de mundo, e da relação entre o ser humano e a natureza Fonte:  ( BARBIERI, José Carlos,  2004, p. 21-22)

         O que pode realmente ser aproveitado e quais os modos desse reaproveitamento?


















             

       

   
   Qual seria, na sua visão, o melhor modo de classificação do lixo residencial?
O resíduo deverá ser separado em três níveis: rejeitos, orgânicos e recicláveis. 





ENTREVISTA DO MÊS: AGOSTO- 2011



Entrevista realizada com o Prof. Dr. Jozimar Paes de Almeida*, a respeito de sua palestra apresentada na edição 2010 do GEAMA, no dia 28 de maio, sobre o tema “Biocombustivel:uma questão socioambiental”.

*Graduado em História, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Assis (1982), Mestre em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Assis (1987). dissertação A Extinção do Arco-íris (História Ambiental). Doutor em História Social - História da Ciência pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas - USP (1993), tese: Errante no campo da Razão (História da Ciência e Ambiental). Pós-Doutorado no Grupo de pesquisa Makarios (CNPq-UEM). Ensaio Biodiesel. (Educação Ambiental e História Ambiental). Professor Associado do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina. Professor do curso de Graduação, especialização e Mestrado do programa de História UEL. Experiência na área de História, com ênfase em História Ambiental, Teoria e filosofia da História, História da Ciência e História Contemporânea. Atuando principalmente nos temas interdisciplinares História-Meio Ambiente- Ciência - Educação. Orientador em iniciação científica, bacharelado, especialização, mestrado e doutorado. Participou de bancas de concurso público, e de titulação acadêmica. Autor de inúmeras publicações. Organizador de eventos. Membro de entidades científicas e de corpo editorial de vários periódicos.



 Você considera viável a política de biocombustível?
 Para a cadeia produtiva que está em ação e envolve as empresas produtoras e distribuidoras de combustíveis, desde Petrobrás e latifúndios monocultores, apoiados em montadoras de veículos leves, empresas construtoras de estradas de rodagem, companhias de seguro, empresas de autopeças. Além de todos os diversos setores articulados ao esquema a manutenção e ampliação deste esquema, lhes traz benefícios e, por conta, do amparo estatal, realizada pelos governantes eleitos com o apoio destes setores se definem políticas governamentais auto-estimulantes.
No entanto, com uma visão sócio-ambiental de distribuição de renda e preservadora da biodiversidade, pequena propriedade familiar com diversidade de cultura agrícola, com uma ótica de privilegiar o transporte de massa de baixo custo econômico e energético (hidrovia e ferrovia) a atual política é prejudicial.

Quais os tipos de biocombustível e o potencial brasileiro?

Os derivados do processo produtivo agroindustrial brasileiro que priorizam a produção do etanol advindo da cana-de-açúcar e o biodiesel, fornecido majoritariamente pela monocultura de soja em latifúndios.
O potencial brasileiro é enorme, tendo em vista a sua extensão territorial e a capacidade produtiva do solo, no entanto, a utilização em larga escala deste tipo de produção é definida pelos interesses empresariais que definem a política pública e mantêm o modelo econômico atual de elevado impacto sócio-ambiental, no que diz respeito a concentração de renda e propriedade, bem como, a elevada poluição e destruição da biodiversidade ambiental.

Quais os problemas que poderão surgir com a implantação dos biocombustíveis, tanto para a agricultura como para outros setores?

R. Os problemas estruturais de nosso país fundados na propriedade privada de elevada extensão monocultora e concentradora de renda permanecem e se consolidam no atual modelo sócio-econômico de nosso país classificado como o sétimo país no mundo de pior distribuição de renda.
O modelo de produção de biocombustíveis na agricultura privilegiam, com apoio fiscais, financiamento, pesquisa e definição de política pública, proveniente de recursos públicos, a continuidade do modelo perverso de produção, por privilegiar a monocultura extensiva no latifúndio, bem como, as empresas ligadas ao agronegócio, produtoras de insumos agrícolas. Os biocombustíveis de segunda geração, que diretamente não competem com a produção de alimentos – cana de açúcar e soja, extraídos dos atuais dejetos da produção agrícola: casca de arroz, palha da cana podem dar um fôlego ao modelo produtivo em vigor.
Os setores produtivos de energia alternativa fundados na energia solar, eólica, maremotriz de baixo impacto sócio-ambiental ficam ao largo das prioridades dos investimentos dos grupos econômicos dominantes da política sócio-econômica em vigor.

Esta é uma opção viável para a substituição dos combustíveis fosseis?

R. Em pequena escala, para uso de transporte coletivo e poupador de energia (hidrovia – ferrovia), em regiões distantes dos grandes centros, com produção em pequenas propriedades fundadas em biodiversidade se constitui em uma alternativa viável, desde que, também, se realize progressivamente, uma utilização da técnica produtiva de biocombustíveis de segunda geração.

Quais alternativas podem aprimorar o programa?

R. a) unidades produtivas em pequena escala devem ser distribuídas no
território, dando se prioridade as regiões mais remotas, em relação ao
acesso do uso de rede de energia;
b) utilização diversificada e consorciada de sementes climatizadas
por região;
c) priorizar fundamentalmente a produção em pequenas
propriedades;
d) controlar rigorosamente o uso de biocidas;
e) impedir o uso de transgênicos e a devastação florestal;
f) incentivar a recuperação de terras degradadas;
g) começar imediatamente a substituição progressiva da matriz
energética de transporte e, de substituição do seu sistema rodoviário e
individual por hidroviário, ferroviário e de massa;
h) estabelecer e aprofundar uma efetiva reforma agrária;
i) apoiar pesquisas interdisciplinares e contextualizadas, sobre
produção, conservação e uso de energia ecologicamente sustentável,
buscando equitatividade social em seu controle e distribuição.
j) estabelecer e fundamentar princípios democráticos que possibilitem análises e participações críticas da população nos programas governamentais.

Você considera uma solução ambiental para os problemas atuais ou somente uma paliativa?


R. A solução é paliativa, no entanto, há que se considerar com mais o indicador positivo do uso dos biocombustíveis de segunda geração.