Espaço Aberto - 02/12/2021
Sobre a ciência e uma
nova racionalidade*
O autor acredita que o futuro não é dado, está
em contínua construção. E somos nós os construtores desse amanhã, que começa
hoje com níveis de clareza daquilo que não podemos repetir e nas inspirações
daquilo que provamos e podemos aperfeiçoar. As certezas, ao que tudo indica, se
acabam na construção do novo, no devir que está contido em todo e qualquer
fenômeno.
O autor enfatiza sua tentativa de
superar a descrição evolucionista, determinista darwiniana, destaca que nós
humanos somos responsáveis para criar as diferenças entre o passado e o futuro.
Se não temos a compreensão, nem tão pouco a concepção de tempo em nossas mãos,
pois somos filhos do tempo e espaço em que fomos gerados, temos em nossa mente
o tempo que queremos construir. Em nossas mãos está o significado da existência
humana em sua forma mental e, necessitamos fazer com que este significado ganhe
forma concreta na vida cotidiana. Este foi e sempre será um grande desafio,
encontrar significado na concretude do chão histórico da vida. Por outro lado,
na concepção mental, podemos atribuir esta busca no plano das ideias, das
inspirações e encontrar significados, propósitos para a vida em seus
determinantes, temporais, existências e, nesse campo, a coisa é mais
complexa. Nessa questão assim se
expressa o autor: “A questão do tempo e do determinismo não se limita as
ciências, mas está no centro do pensamento ocidental desde a origem do que
chamamos de racionalidade...”(Prigogini,2011) Uma racionalidade criada pela
lógica moderna capitalista que nos condiciona uma forma de ser e estar no
mundo. Racionalidade de coisas e de produtos quantitativos e qualitativos pela
relação produtiva sobre os homens, sobre a natureza.
Diante disso, em busca de
significados existenciais da potencialidade humana necessitamos cultivar uma
nova racionalidade encontrada nas obras de Prigogini (2011) e Leff (2006). O
que Prigogine levanta é na tentativa de lançar o inicio de uma nova
racionalidade que retire de cena a ideia de ciência e certeza, probabilidade e
ignorância. E dar início a uma nova aventura na ciência que incorpore
criatividade, imaginação, equilíbrio, prudência, decência, preservação, como
uma expressão singular de nossa existência diante de tudo e de todos. Uma nova
forma de enfrentar a complexa realidade de nosso mundo, retomando o caminho que
perdemos, e sanando os erros que foram cometidos. Como resume o autor propor “um novo início de
um capítulo da história de nosso diálogo com a natureza.” (pág.15)
Leff
(2006) agrega a racionalidade ambiental em busca de uma nova relação
teoria-prática, que mobilizam as ações sociais para a sustentabilidade através
de um pensamento crítico, em que para "transcender o objetivismo da
racionalidade, é necessário fundar outra racionalidade produtiva, em que o
valor renasceria dos significados considerados à natureza pela cultura, quer
dizer, pelos valores-significados das culturas”,(Leff,2006) Entendendo que a racionalidade
tradicional, sempre utilizou a natureza a seu fim, agora vamos no dialogo
estabelecer outra relação próxima e respeitosa.
O que as contribuições de Prigogine e Leff nos
orientam nesse momento. Que o devir é a
condição de nosso dialogo com a natureza, não com certezas morais, mas de novas
possibilidades inovadoras, sustentáveis e éticas. Nesse caminho precisamos
aprender a pensar e assim incorporarmos novos elementos nesse percurso, abrindo
espaços para outros pensamentos, outras ideias, trilhas e caminhos a percorrer.
*Paulo Bassani é sociólogo e professor universitário
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