FOLHA DE LONDRINA
ESPAÇO ABERTO
A possível recuperação do humano*
Temos que recuperar
nossa capacidade de pensar e de criar algo que seja superior ao que está posto.
27 DE SETEMBRO DE 2021
Há poucos meses, trabalhei a noção que instiga a todos nós, seres
humanos, sobreviventes deste nosso tempo de pandemia, um tempo de incertezas e
muitos desafios. Presente no vídeo “Temas que Agregam” que se encontra no
Youtube: “Uma tribo de seres sensíveis: a recuperação do humano”.
O primeiro, meu conterrâneo, Mario Quintana que em toda sua bela obra
escolhi esta passagem para nossa reflexão dizia: “Se as coisas são
inatingíveis, ora não há motivo para não querê-las. Que triste os caminhos se
não for à presença das estrelas”. Que triste os caminhos a percorrer sem nossas
utopias para alimento de indignação e esperança na caminhada, como formas
inspiradoras de pensar o amanhã.
Henfil nos deixou o seguinte pensamento: “Se não houver frutos valeu a
beleza das flores, se não houver flores valeu a sombra das folhas, se não
houver folhas valeu a intenção das sementes. Enquanto acreditarmos em nossos
sonhos nada será por acaso”. Essa ideia de luta contínua e processual, não
olhar apenas para o momento, sempre entendendo os passos e seus significados,
entendendo as conquistas, mesmo as subjetivas e que todas elevam a consciência.
E hoje temos que recuperar nossa capacidade de pensar e de criar algo que seja
superior ao que está posto.
Gonzaguinha, grande compositor e poeta, que com muita sensibilidade, nos
deixou um belo legado, principalmente para nossa juventude, que chamava de
rapaziada, no seu disco "Sementes do Amanhã" com poesia e paixão
expressou a seguinte mensagem, muito pertinente e presente para pensarmos o
tempo que cruzamos hoje, dizia: “Ontem um menino que brincava me falou, hoje é
a semente do amanhã, para não ter medo que esse tempo vai passar. Não se
desespere nem pare de sonhar. Nunca se entregue nasça sempre com as manhãs.
Deixe a luz do sol brilhar, no céu de seu olhar. Fé na vida fé no homem fé no
que virá, nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será”.
Hoje as crianças, os jovens e pessoas conscientes críticas, que percebem
a podridão do momento, são as sementes do amanhã. Sabemos que esse tempo vai
passar, lutamos e aguardamos preparados para que isso ocorra. Alimentamos
nossos sonhos, nossas utopias de um país melhor, de um mundo melhor. Nós
podemos com consciência unirmos forças e lutar e, vamos ver o que dará. Temos a
esperança de que se participarmos com nossa capacidade imaginativa e criativa
vamos construir um amanhã de luz, onde o reencantamento da vida seja o ser e o
estar fundante.
*Paulo Bassani é
sociólogo e professor universitário em Londrina
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