27 de junho de 2012

Nesta quarta-feira dia 27 de junho no Jornal de Londrina na coluna Ponto de Vista o prof. Paulo Bassani publicou o artigo abaixo.


Política Pública, Meio Ambiente: transporte individual e coletivo.

É possível pensar em  Políticas Públicas  como um conjunto de elementos que se interligam, que estabecem formas normativas  orientadoras de nossa vida numa determinada sociedade. Entre os quais, é possivel pensar que as propostas sejam encadeadas com a sociedade e sua reais necessidades. E, hoje, mais do que antes, são decissões tomadas em consonancia aos interreses sociais e a preservação da natureza. Nessa esteira fazer política pública implica pensar na participação dos cidadãos, preservar a coisa pública e a natureza  como  um bem coletivo. Mas o que vemos em um dos últimos pacotes do governo brasileiro, em maio, o qual evidencia uma ampliação de política pública, uma  ênfase e ausência de uma leitura social e ambiental, que normalmente chama de “desenvolvimento sustentável”. Isto em pleno acontecimento da Ecoconferencia da ONU - RIO + 20.
O pacote que me refiro é da redução do IPI para os carros de passeio com objetivo de aumentar o consumo, desovar os estoques nos pátios das montadoras e encher as ruas com mais carros. Mais uma vez enfatizando uma produção e consumo sem planejamento característica da modernidade capitalista. Atende, com a pretensa intenção de aumentar o consumo por parte das classes médias que, nos últimos 15 anos, cresceu significativamente, concilia com os interesses de grupos multinacionais que ameaçam desempregar e, sobretudo não estabelecer novos investimentos no país. Vejamos três aspectos: a) A redução do IOF - Imposto sobre Operações Financeiras, imposto que reduzido possibilita aumento do consumo. Contudo não houve e não há previsão e nem incentivo à pesquisa de mais eficiência energética dos motores dos carros, mesmo considerando os atuais modelos; b) Estabelecer 0 % do IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados para carros 1.0, lembrando antes ser de 7 %. Contudo as metas de redução da emissão de gases do efeito estufa, nos quais estes mesmos carros e de todo setor de transporte não foram estabelecidas pelo governo; c) As montadoras se comprometem a fornecer descontos de até 10 % em tabela, já elevada, a maior de todo nosso continente. Contudo ao enfatizar o automóvel particular, carro de passeio, deixa de lado a busca, incentivo ao transporte coletivo, mais necessário, menos poluente e mais democrático. Os dados da Fenabreve registrou que em maio houve um aumento no Brasil, na comercialização de automóveis, ônibus e caminhões, em mais de 11,5 %, em relação abril, cerca  de 288 mil unidades nas ruas do país,o qual acresce a uma frota com mais de 35 milhões de veículos automotores. Observa-se que, deste aumento, o maior percentual foi dos carros de passeio. Em Londrina, devido a suas especificidades de alto teor especulativo, o aumento esteve próximo da casa dos 50%. Com a situação de nosso asfalto, que melhorou um pouco, porém não houve alargamento e acréscimo de novas rodovias, nem tão pouco de novos estacionamentos, teremos grandes problemas de trafego urbano pela frente. Associado a isso veremos um aumento dos combustíveis em breve.
Necessitamos de uma ampla mobilização de todos os setores e segmentos sociais para pensar, propor e um efeito significativo. Devemos e podemos, diante de tanta inconsistência, identificar as contradições e os interesses dos segmentos que se beneficiam dos “pressupostos” interesses coletivos.  Situação emergente e necessária para enfrentar os desafios econômicos, político e ambientais que estão postos. Urge pensar em mudanças do tipo de transporte, coletivo, seguro e de qualidade.  Pois a forma de elaborar políticas públicas numa relação com a natureza que nos fornece os recursos e o espaço, evidenciam contradições no percurso.

 *Prof. Dr. Paulo Bassani   –  Sociólogo e Professor da UEL

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