De 22 a 25 de junho a Universidade Estadual de Londrina (UEL) sediou a 10ª Jornada de Agroecologia. Aproximadamente 3 mil pessoas estavam sendo esperadas para o evento. Porém, no segundo dia de Jornada, a equipe organizadora anunciou a presença de 3.600 participantes! A maioria é representada pelos trabalhadores rurais da região sul, mais especificamente do Paraná. A forte presença de estrangeiros, como haitianos e paraguaios, é algo que chama a atenção. Os internacionalistas, como são chamados, vem de seus países para se juntar a brigadas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, para vivenciar e apoiar a luta pela terra de um dos maiores movimentos sociais do mundo.
As brigadas montaram seus acampamentos na APUEL (Associação do Pessoal da UEL) e a alimentação ficou por conta das cozinhas itinerantes das brigadas, montadas nas quadras do CEFE (Centro de Educação Física e Esportes). Aliás, não se pode deixar de falar da qualidade dessas cozinhas, que serviram saborosas refeições a mais de 3 mil pessoas, e sem atrasar um minuto sequer!
No dia 22 o credenciamento para as oficinas e seminários começou cedo. À tarde, os participantes se dirigiram à Câmara dos Vereadores, onde participaram da Audiência Pública: pela agroecologia, contra o uso de agrotóxicos e as mudanças no Código Florestal.
Após a audiência, os participantes caminharam até a Concha Acústica, promovendo a integração entre o campo e a cidade através da Marcha pela Agroecologia.
Nos dias 23 e 24 seminários e oficinas aconteceram simultaneamente no CCH (Centro de Ciências Humanas) e no CESA (Centro de Estudos Sociais Aplicados). Os temas dos seminários envolveram questões do agronegócio, o Código Florestal, a utilização de agrotóxicos, educação no campo, tecnologias, o papel da pesquisa, alimentação escolar, agroenergia, etc. As oficinas possuem uma proposta diferenciada, e trataram de temas mais específicos, como controle de pragas, sistemas de irrigação, técnicas de conservação, etc. Uma das oficinas que fez mais sucesso foi a “Culinária com mandioca”, que ensinou maneiras de como utilizar a mandioca para diferentes pratos, já que praticamente todos os assentamentos contam com uma grande produção dessa raiz. Até brigadeiro de mandioca ensinaram fazer!
De manhã e à noite, na plenária – montada no ginásio do CEFE –, aconteceram conferências com importantes representantes do MST, como João Pedro Stédile, que falou sobre o agronegócio e o modelo dependente da agricultura brasileira. O coordenador nacional de formação do MST, Ademar Bogo, falou sobre “a necessidade da organização popular para avançar”, e também lançou seu novo livro: o 4º volume da série Teoria da Organização Política. O ambientalista canadense Pat Mooney, da ONG ETC Group, falou sobre “os impérios da biomassa contra a soberania alimentar”.
Durante os 4 dias de Jornada, a feira dos produtos da reforma agrária e da agricultura familiar aconteceu em frente ao ginásio do CEFE. Iogurte, queijo, pães, ervas para chimarrão e para chá, artesanatos, bandeiras, bonés, camisetas, livros e outros produtos foram comercializados a ótimos preços, a preços justos!
No dia 25, já ao final das atividades, a conferência ficou a cargo de uma das principais – senão a principal – representante do Partido Comunista Cubano: Aleida Guevara, filha de Ernesto Che Guevara, o grande nome por trás dos grupos de luta pela soberania da voz popular. Apesar de não falar português, Aleida se pronunciou pausada e didaticamente acerca dos valores na construção de uma sociedade socialista.
Com o lema “cuidando da terra, cultivando biodiversidade e colhendo soberania alimentar” a Jornada de Agroecologia sem dúvidas acrescentou muito aos seus participantes, que agora podem levar às suas regiões o conhecimento adquirido, para colocar em prática o cuidado com a terra e continuar a luta por ela.
Ana Carolina Luz, estagiária do GEAMA
Fotos retiradas do blog: http://jornadaagroecologia.blogspot.com/
O GEAMA demonstrando que compreende a questão ambiental vinculada a questão social.
ResponderExcluirParabéns.