Versando a
Pandemia*
Em nosso tempo dos
vinte e vinte e um.
Um medo silencioso
Um extermínio
invisível
Na qual a
humanidade foi submetida.
Esta nossa geração
jamais esquecerá
As experiências com
as perdas reais
De muitos
familiares, amigos, conhecidos
E milhões e milhões
de desconhecidos pelo mundo afora.
Vivemos momentos
finais, com pessoas que até ontem
Estavam percorrendo
as ruas de nossas cidades,
Freqüentando os
mesmos espaços que freqüentamos
Fazendo parte de
nossas vidas,
Estavam entre os
nossos contatos presenciais e on-line.
Hoje se instalou um
grande vazio, muitas incertezas,
Pois não entendemos
a força invisível que retira a vida de muitos.
O que sabemos hoje
é o valor da vida,
Cada dia elevamos a
gratidão por ela.
Somos sobreviventes
da pandemia
Pois destes números
não fizemos parte
E os números foram
gigantes,
E o desencantamento
tomou conta.
Perdemos a vida
comum,
A vida coletiva no
trabalho, esporte, nos festejos e no lazer,
Retiramo-nos como
forma de proteção
Negamos vida para
ganhar a vida.
Algo muito complexo
para entendermos hoje,
Mas
compreenderemos, quem sabe, no prosseguir da vida
Esse momento que
insiste em permanecer
Quando desejamos
seu findar.
Para que a vida se
reinicie e, quem sabe,
Com outros e novos
valores, outras novas utopias,
Outros e novos
sonhos,
Outros e novas
paixões e, destas
A paixão pela vida
que nos é a mais grata.
*Paulo Bassani é Sociólogo e Professor Universitário
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