12 de julho de 2020




                                                                            RESENHA*

        O mais recente livro E-book, de Vilmar Alves Pereira, recentemente publicado é muito instigante. Em forma de ensaios, faz uma consistente narrativa da situação atual latino americana em relação à questão ambiental e particularmente ao estado da arte da Educação Ambiental. Desenvolve uma proposta que vai além da visão conservacionista, ecológica enfatizando o caráter sócio ambiental da forma mais avançada possível e necessária de colocar a Educação Ambiental num estágio onde ela se coloca como elemento transversal dos processos emancipatórios para superar a visão cartesiana, capitalista de interpretações. Uma Educação para uma civilização democrática e com novas e cuidadosas relações com a natureza. Atento e crítico a questão da Pandemia do COVID-19 estabelece uma reflexão com extrema propriedade analítica. Percebe a derme e a epiderme desta Pandemia e seus reflexos no Brasil, na Latino America e Caribe. Lembra e analisa que a episteme do sul contida nos povos originários, indígenas e camponeses ser a esteira que necessitamos olhar com maior atenção para o conjunto de experiências invisíveis a ciência e que apontam perspectivas para um mundo onde caibam todos.
        Ciente de um contributo discursivo necessário para o nosso tempo estabelece, juntamente com a contribuição de diferentes autores, destoco aqui: Heidegger, Sartre, Gadamer, Lowy, Boaventura de Souza Santos Leff, Boff, Loureiro entre outros, concatenando a pertinência analítica e seus contributos para compreender a crise que nos envolve. Um livro inteligível de fácil leitura, sem perder a profundidade com que levanta os problemas que aborda. Aponta algumas possibilidades de um diálogo com o futuro, possibilidades estas que poderão acontecer no processo de superação do mundo insustentável que vivemos, para aí sim descobrir pistas, sinais de um novo tempo para a humanidade. Destaco, novamente, seu olhar as experiências latino americanas com os povos indígenas, que hoje se encontram ainda mais ameaçados pela COVI-19, com a ideia e vida de Pachamama e o Bien Viver, onde poderemos encontrar algumas pistas por onde trilhar os processos do novo que por aí virá. Esse diálogo para descobrir pistas, outros e novos caminhos do trilhar humano sobre a Biosfera planetária, na construção de possíveis novos caminhos para que a humanidade não venha sucumbir, também tem sido minha preocupação em meus estudos e esforços, fico muito contente que somos muitos a pensar essas possibilidades e, as formas como já embrionariamente, se apresentam pela latino América.
        Indico esta leitura a todos que queiram fazer uma reflexão crítica em relação à Pandemia e os desafios que ela nos coloca na invenção de novas formas de habitabilidade planetária com uma relação de respeito a todo o tipo de vida. Talvez aí possa estar um novo trato no processo educacional e transformador das mentes e das atitudes de nossa espécie para lidar com zelo e cuidado da vida nas próximas décadas do século XXI.
*Paulo Bassani
Sociólogo Ambiental
bassani@uel.br
O que será o amanhã? Educação Ambiental na América Latina e Caribe, justiça Ambiental e COVID-19 Autor: Vilmar Alves Pereira. - Juiz de Fora, MG : Garcia, 2020. 119 p.

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