O pensar uma nova cultura*
Nada destrói mais a natureza do que sua redução à instrumentalização a serviço dos seres humanos
Momento de pensar, refletir sobre a crise civilizatória que nos envolvemos. Mas faz-se necessário pensar para além de um cotidiano marcado por formas alienadas, coisificadas e fetichizadas de nossa forma de produzir, consumir e organizar a vida. Precisamos de pistas, trilhas e mapas para construirmos uma nova cultura. Não mais subjugando a condição humana numa relação de desigualdade crescente e nem tão pouco a natureza subserviente às nossas necessidades, ou seja, as necessidades, criadas pelo sistema que nos governa na economia, na política e em nossas mentes.
Nada destrói mais a natureza do que sua redução à instrumentalização a serviço dos seres humanos, como mero instrumento das necessidades humanas, estimuladas pela lógica consumista que está prenhe no sistema que tudo domina e tudo orienta. Esta visão antropocêntrica agora nos agoniza, nos causa um mal-estar, uma revolta e que, diante deste quadro precisamos pensar formas de reverter esse processo. Os debates, os diálogos numa educação permanente, continuada, crítica e aderente ao novo que se apresenta pode ser um bom caminho, um bom começo.
A Carta a Terra escrita com a contribuição de todos os povos, indígenas, camponeses, trabalhadores, intelectuais, tornou-se referência para este momento de travessia da tensão que nos envolvemos. Uma de suas passagens diz: "O ser humano é uma parte da natureza. Todas as outras formas de vida da natureza devem receber o cuidado dos seres humanos, independente de seu valor para as pessoas." Tomando desta passagem podemos observar a responsabilidade planetária que temos se somos seres inteligentes, criativos, raros e especiais, cultivar um novo olhar e o início de um novo fazer para que a cultura alternativa possa de forma convincente se instalar, este é um bom momento para acreditarmos nisso.
*Paulo Bassani, sociólogo e professor de Ciências Sociais da UEL
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