Os desafios do novo: o que buscamos para as cidades
*Paulo Bassani
Desafios em curso
A sociedade e a cidade, em sua expressão
cotidiana, neoliberal e de mercado, se assenta basicamente sobre a competição,
traduzindo-se num conjunto de indivíduos que vivem um aglomerado espaço-tempo.
Esta é uma concepção de densidade baixa e insustentável para as cidades.
Queremos pensar e construir um novo paradigma para as sociedades e para as
cidades, que desperte o viver assentado nos princípios de equilíbrio,
qualidade, preservação, segurança, coletividade e participação. Tudo com um
firme propósito, de em conjunto, buscar alcançar a sustentabilidade necessária,
predispondo de outro tipo de sociabilidade participativa, colaborativa,
solidária e horizontal.
Este cenário paradigmático que propomos encontrar-se fundado na qualidade de
viver, do bem viver. Pois hoje, vivemos na ausência desta qualidade e, este
quadro, nos obriga a pensar e a problematizar outras possibilidades, para
substituir as atuais. Para tanto, necessitamos decretar um rompimento
definitivo deste olhar tradicional, tratamento da cidade em seu estado atual e,
estabelecer um novo, pois ela que nos acolhe como seres inteligentes e capazes
por isso esperam algo mais para uma urbanidade desejada. Hoje temos os meios de
saber e construir um conhecimento que edifique um fazer que possa dar outro
curso nos processos social, econômico, cultural e ambiental das cidades.
O bem comum como
ensinamento
Os
paradigmas políticos e os paradigmas organizacionais urbanos estão falidos. A
história se encarregou de demonstrar, o máximo que conseguem, diz respeito, a
realizar pequenas reformas que no fundo são realizadas para apenas prolongar os
modelos em curso, com correções e ajustes sob a lógica predominante. As
soluções que políticos e gestores tradicionais propõem, seguem um padrão de
continuidade do que aí está não conseguem pensar e nem propor metodologias de
estruturação e ação participativas e transformadoras. Estão presos a um circulo
vicioso do mais e melhor (segundo eles) do mesmo.
Para quebrar este vinculo
e estes procedimentos são três as propostas político-educacionais e
organizacionais que necessitamos cultivar na preparação do solo urbano para um
novo tempo:
a) Educação, formação e capacitação a todos;
b) Um poder político local disposto a
compartilhar a gestão pública de forma colaborativa;
c) Uma
consciência colaborativa responsável, participativa e compartilhada da
população envolvida.
Educar, forma e
capacitar Professor de cidades na proporção de 1 para mil habitantes, uma
formação teórico e pratica que permitira atuar como gestor e como zelador do
processo em curso para a cidade sustentável.
O poder político constituído implica na gestão dos prefeitos eleitos, sua
composição de secretariado e assessores, bem como da câmara municipal, para
trabalhar nesta perspectiva de dialogar e estabelecer um compartilhamento dos
processos que implicam em políticas públicas para e com a população.
A consciência colaborativa será a
cultura m necessária para a compreensão, motivação e adesão aos processos de
transformação a que se propõe. Trata-se entender e fortalecer como fundamental,
o elemento cultural que resgata a crença das transformações necessárias para
que colaboração, responsabilidade e envolvimento de todos os cidadãos possam
ocorrer.
Esse conjunto de
fatores implica nas bases de uma cidadania empoderada, resiliente com
sentimento forte de pertença a um território que escolheu para viver e
preparado para os desafios da implantação, manutenção e continuidade de cidades
sustentáveis. Em outros termos, uma emancipação cidadã necessária para atingir
a um patamar civilizatório onde o viver com qualidade, implica em viver uma
cidade planejada, articulada, mobilizada, segura, com o emprego e renda,
geradora de formas alegres e humanas do bem viver coletivo.
Isso implica também na edificação de valores culturais. Sabemos que não se
desmonta uma cultura individual, competitiva, violenta e insegura da noite para
o dia. Na emoção e na razão, nos sonhos e construções, apresentam-se horizontes
de possibilidades culturais saudáveis. Um conjunto de elementos experimentado e
sentido para ser vivenciado por todos, hábitos, atitudes e comportamentos.
Este é um bom começo, e precisamos crer que este é uma boa pista a
trilhar, pois não nos esquecemos que estamos imersos numa crise profunda de
sentidos e não nos restam muitas saídas para uma cidade mais e melhor do que temos.
Nas últimas décadas a ONU criou e introduziu a categoria IDH- Índice de
Desenvolvimento Humano que se propõe apresentar um cenário mais detalhado sobre
os inúmeros fatores do viver tangíveis e intangíveis, objetivos e subjetivos,
enriquecendo o sentido da qualidade de vida que se busca identificar, com
sociabilidades co-responsáveis entre o poder político constituído e a
comunidade. Outro aspecto importante no viver urbano, com o formato que
apresentamos, diz respeito ao controle, separação, coleta e reciclagem dos
resíduos sólidos urbanos, pois vivemos numa sociedade de consumo e produtora de
resíduos. Controlar esse processo torna-se um imperativo.
E deste formato entender
que será necessário reaprendermos a viver com a natureza urbana que embeleza e
nos embeleza. Das nascentes, dos córregos, rios, lagos, árvores flores e
pássaros a terra e o ar que respiramos todos coabitando o mesmo território
urbano. Entendemos que o conjunto desses fatores forma a comunidade de vida possível
e necessária, um desafio para as
próximas décadas.
*Paulo
Bassani é sociólogo e professor
da Universidade Estadual de Londrina e Co-autor do Programa Cidade MAIS
Bibliografia
1.
Bassani
Paulo. O potencial da reconstrução. Folha de Londrina,
Espaço Aberto, pág.2, 20/10/2016.
2.
-------------------.
Plataforma científica de gestão compartilhada – Cidade MAIS. Folha de
Londrina, Espaço Aberto, pág. 2, 09/11/2016.
3.
-------------------. Cidade MAIS: um
Bioregionalismo em curso. Blog do GEAMA- www.geamauelblogspot.com.br, UEL, 20/11/2016.
4.
Bassani, Paulo. Cidade MAIS: empoderar para transformar. Folha de Londrina, Espaço Aberto, pág. 2,
13/12/2016.
5.
-------------------. Atores da base do Programa Cidade MAIS: Professor de
Cidades. Folha de Londrina, Espaço Aberto, pag. 2, 25/12/2016.
Mais um belo texto prof. Bassani. Estamos tendo uma lição de como caminhar para uma cidade sustentável.
ResponderExcluirBom... Bom mesmo
ResponderExcluirOlha aí o caminho para as cidades.
ResponderExcluirVamo que vamo...!!
ResponderExcluirPenso que necessitamos de mais reflexões como essa.
ResponderExcluirA cidade é o foco. A cidade do amanhã!!!!!
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