5 de janeiro de 2017

Os desafios do novo: o que buscamos para as cidades

Os desafios do novo: o que buscamos para as cidades
                                                                *Paulo Bassani

Desafios em curso

A sociedade e a cidade, em sua expressão cotidiana, neoliberal e de mercado, se assenta basicamente sobre a competição, traduzindo-se num conjunto de indivíduos que vivem um aglomerado espaço-tempo. Esta é uma concepção de densidade baixa e insustentável para as cidades. Queremos pensar e construir um novo paradigma para as sociedades e para as cidades, que desperte o viver assentado nos princípios de equilíbrio, qualidade, preservação, segurança, coletividade e participação. Tudo com um firme propósito, de em conjunto, buscar alcançar a sustentabilidade necessária, predispondo de outro tipo de sociabilidade participativa, colaborativa, solidária e horizontal.
            Este cenário paradigmático que propomos encontrar-se fundado na qualidade de viver, do bem viver. Pois hoje, vivemos na ausência desta qualidade e, este quadro, nos obriga a pensar e a problematizar outras possibilidades, para substituir as atuais. Para tanto, necessitamos decretar um rompimento definitivo deste olhar tradicional, tratamento da cidade em seu estado atual e, estabelecer um novo, pois ela que nos acolhe como seres inteligentes e capazes por isso esperam algo mais para uma urbanidade desejada. Hoje temos os meios de saber e construir um conhecimento que edifique um fazer que possa dar outro curso nos processos social, econômico, cultural e ambiental das cidades.

O bem comum como ensinamento
            
Os paradigmas políticos e os paradigmas organizacionais urbanos estão falidos. A história se encarregou de demonstrar, o máximo que conseguem, diz respeito, a realizar pequenas reformas que no fundo são realizadas para apenas prolongar os modelos em curso, com correções e ajustes sob a lógica predominante. As soluções que políticos e gestores tradicionais propõem, seguem um padrão de continuidade do que aí está não conseguem pensar e nem propor metodologias de estruturação e ação participativas e transformadoras. Estão presos a um circulo vicioso do mais e melhor (segundo eles) do mesmo.
           Para quebrar este vinculo e estes procedimentos são três as propostas político-educacionais e organizacionais que necessitamos cultivar na preparação do solo urbano para um novo tempo:
a)   Educação, formação e capacitação a todos;
   b)  Um poder político local disposto a compartilhar a gestão pública de forma colaborativa;
   c)  Uma consciência colaborativa responsável, participativa e compartilhada da população envolvida.
    Educar, forma e capacitar Professor de cidades na proporção de 1 para mil habitantes, uma formação teórico e pratica que permitira atuar como gestor e como zelador do processo em curso para a cidade sustentável.
            O poder político constituído implica na gestão dos prefeitos eleitos, sua composição de secretariado e assessores, bem como da câmara municipal, para trabalhar nesta perspectiva de dialogar e estabelecer um compartilhamento dos processos que implicam em políticas públicas para e com a população.
A consciência colaborativa será a cultura m necessária para a compreensão, motivação e adesão aos processos de transformação a que se propõe. Trata-se entender e fortalecer como fundamental, o elemento cultural que resgata a crença das transformações necessárias para que colaboração, responsabilidade e envolvimento de todos os cidadãos possam ocorrer.
    Esse conjunto de fatores implica nas bases de uma cidadania empoderada, resiliente com sentimento forte de pertença a um território que escolheu para viver e preparado para os desafios da implantação, manutenção e continuidade de cidades sustentáveis. Em outros termos, uma emancipação cidadã necessária para atingir a um patamar civilizatório onde o viver com qualidade, implica em viver uma cidade planejada, articulada, mobilizada, segura, com o emprego e renda, geradora de formas alegres e humanas do bem viver coletivo.
       Isso implica também na edificação de valores culturais. Sabemos que não se desmonta uma cultura individual, competitiva, violenta e insegura da noite para o dia. Na emoção e na razão, nos sonhos e construções, apresentam-se horizontes de possibilidades culturais saudáveis. Um conjunto de elementos experimentado e sentido para ser vivenciado por todos, hábitos, atitudes e comportamentos.  Este é um bom começo, e precisamos crer que este é uma boa pista a trilhar, pois não nos esquecemos que estamos imersos numa crise profunda de sentidos e não nos restam muitas saídas para uma cidade mais e melhor do que temos.
       Nas últimas décadas a ONU criou e introduziu a categoria IDH- Índice de Desenvolvimento Humano que se propõe apresentar um cenário mais detalhado sobre os inúmeros fatores do viver tangíveis e intangíveis, objetivos e subjetivos, enriquecendo o sentido da qualidade de vida que se busca identificar, com sociabilidades co-responsáveis entre o poder político constituído e a comunidade. Outro aspecto importante no viver urbano, com o formato que apresentamos, diz respeito ao controle, separação, coleta e reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, pois vivemos numa sociedade de consumo e produtora de resíduos. Controlar esse processo torna-se um imperativo.

   E deste formato entender que será necessário reaprendermos a viver com a natureza urbana que embeleza e nos embeleza.  Das nascentes, dos córregos, rios, lagos, árvores flores e pássaros a terra e o ar que respiramos todos coabitando o mesmo território urbano. Entendemos que o conjunto desses fatores forma a comunidade de vida possível e necessária, um desafio para as próximas décadas. 

*Paulo Bassani é sociólogo e professor da Universidade Estadual de Londrina e Co-autor do Programa Cidade MAIS


Bibliografia
1.    Bassani Paulo. O potencial da reconstrução. Folha de Londrina, Espaço Aberto, pág.2, 20/10/2016.
2.    -------------------. Plataforma científica de gestão compartilhada – Cidade MAIS. Folha de Londrina, Espaço Aberto, pág. 2, 09/11/2016.
3.    -------------------. Cidade MAIS: um Bioregionalismo em curso. Blog do GEAMA- www.geamauelblogspot.com.br,  UEL, 20/11/2016.
4.    Bassani, Paulo. Cidade MAIS: empoderar para transformar. Folha de Londrina, Espaço Aberto, pág. 2, 13/12/2016.

5.    -------------------. Atores da base do Programa Cidade MAIS: Professor de Cidades. Folha de Londrina, Espaço Aberto, pag. 2, 25/12/2016.

6 comentários:

  1. Mais um belo texto prof. Bassani. Estamos tendo uma lição de como caminhar para uma cidade sustentável.

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  2. Olha aí o caminho para as cidades.

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  3. Penso que necessitamos de mais reflexões como essa.

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  4. A cidade é o foco. A cidade do amanhã!!!!!

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