25 de novembro de 2016

ENSAIO

Atores da base do Eco Londrina: Professor de Cidades
                                                                                                                                                                                                                                        *Paulo Bassani

O que se pretende, com o Eco Londrina, é iniciar um processo que apreenda e incentive as boas experiências sustentáveis existentes e, propor outras novas. Isso requer dedicação, conhecimentos, diálogos e condições de tempo para se chegar aos resultados a serem alcançados como indicador de uma nova cultura. Há um ditado chinês altamente pertinente para pensar nosso trabalho: “se você planeja por um ano, plante arroz. Se você planeja para dez anos, plante árvores. Se você planeja por cem anos forme pessoas”. Isso nos indica pensar uma política com foco ambiental participativa, enraizada no território local, o bioregionalismo, com suas potencialidades humanas e naturais. Falamos de Professores de Cidades em que, neste contexto, serão homens e mulheres moradores do município em questão.
O objetivo de formar e capacitar esses atores, envolvidos com a comunidade em foco, é para atuar de maneira crítica, consciente e conhecedora no ambiente local, educando, preservando, e propondo alternativas sustentáveis nos princípios do Eco Londrina: plataforma cientifica de gestão compartilhada pelas águas. Os Professores de Cidades farão sua atuação de forma proativa em processos cotidianos com a comunidade. O conhecimento e as práticas, obtidas, não são gerados fora da comunidade, antes pelo contrário, são geradas com a comunidade e para a comunidade.
O Professor de Cidades terá duas formações: uma de gestor e outra de zelador.  O gestor terá como função primordial acompanhar, propor, educar e fiscalizar. O zelador terá como função primordial realizar os trabalhos junto à população, na casa, na calçada, na rua no quarteirão. Esses professores atuarão em processos de gestão da casa, da rua, da quadra, do bairro, da cidade e de todo território a que ele pertence. Entre as tarefas destacamos, atividades de mapeamento dos problemas ambientais relevantes para o trabalho, com registros de fotos e vídeos dos bueiros, dos esgotos, conhecimento das micro bacias,  dos rios que cruzam a região.  Para tanto, produzirão e disponibilizarão de “manuais” que contenha todas as informações necessárias, como leis, códigos de posturas, plano diretor, entre outros, para que o Professor de Cidades possa exercer o papel de fiscalizador e, também, no processo de formação dos voluntários e agentes comunitários. Este quadro possibilitará aos Professores de Cidades transformarem-se em atores preparados e, que desenvolvam ações integradas e permanentes, estabelecendo com um olhar crítico a relação aos seus alcances e limitações, entendendo as lógicas existentes e a sua diversidade. Entre as suas atividades o Professor de Cidades terá: Poder de pré-notificação civil em questões urbano-ambientais, montar diagnósticos urbano-ambiental dos imóveis e áreas da bacia em questão. Alimentar dados obtidos do diagnóstico diretamente no sistema, disponível para a população.  Atuar de forma permanente na educação ambiental e na promoção do conceito e vivência ecocidadã. Percorrer as ruas em trabalho de monitoramento de possíveis irregularidades ambientais. Ativar reuniões com moradores e donos de imóveis da bacia e micro-bacia sobre os conceitos do movimento Eco metrópole e sobre a necessidade permanente de união e cumprimento das regras urbanísticas e legislações como Código de Obras e Código de Posturas, além do Plano Diretor, objetivando a cidade sustentável.  Orientar moradores sobre a importância de compreender e cooperar com os sistemas públicos de manejo de resíduos, varrição, poda de árvores, desentupimento e manutenção de bueiros, entre muitos possíveis.
Com estas perspectivas os Professores de Cidades serão, sobretudo, Educadores Ambientais, que promovam sinergias da Educação Ambiental tais como: a)Todos educam e todos apreendem; b) A construção de um conhecimento através de uma visão ética e holística; c) Promover a educação com o alargamento das experiências sustentáveis; d) Uma educação crítica, solidária, cooperativa, continuada e aprofundada. Isso resulta um processo educativo comprometido com estas questões envolve formação continuada, sensibilização, conscientização, diagnósticos ambientais e responsabilidades nas ações objetivas e subjetivas a serem propostas.

   *Paulo Bassani é Sociólogo, GEAMA e professor da UEL
     Em 25 de novembro de 2016

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