Cartum por Carlos Latuff, 2014, latuffcartoons.wordpress.com
A
Lei n. 10.639, de 9 de Janeiro de 2003, incluiu o 20 de Novembro ao calendário
escolar e atribuiu à data o Dia Nacional da Consciência Negra, ampliando o ensino de História nas escolas ao
inserir a cultura negra e africana e também a indígena. A escolha da data
conciliou com a da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morto em uma
emboscada no estado de Pernambuco, ano de 1695.
A
criação da referida data promoveu e ainda promove nos brasileiros reflexões
sobre a importância e contribuição da cultura africana na construção da nossa
cultura nacional, heterogênea e diversificada em todos os aspectos. Um deles, o
gastronômico, com a introdução da feijoada, da moqueca, do mocotó, do acarajé e
até mesmo o simples feijão preto, com o saboroso Azeite de Dendê. Houve também
os movimentos sociopolíticos, o desenvolvimento da economia, com fortes
contribuições para a riqueza nacional; a arte musical marca forte presença da
africanidade, bem como a religião, como o Candomblé, o Batuque, a Umbanda e
outros.
A
luta pela liberdade dos negros jamais cessou, mesmo após séculos, estes ainda
sofrem com o racismo e a opressão. A afirmação de que no Brasil não há
discriminação e que todos possuem direitos e deveres iguais é uma falácia. Dia
após dia, centenas de negros sofrem preconceito e são humilhados apenas por sua
cultura e cor, algo inadmissível para uma nação em pleno século XXI.
Os
movimentos sociais vêm para fazer frente a essa falsa e absurda ideia de uma
supremacia da raça branca e atuam para combater esse racismo velado, que
boicota a história e a cultura das demais etnias, atuando para que haja uma
maior representatividade e para que se acabe o extermínio não oficial
desses povos. Essas questões sociopolíticas estão intrinsecamente relacionadas
ao ambientalismo que almejamos, pois o mesmo não se pauta apenas na relação
entre o homem e a natureza. Para o desenvolvimento de um meio ambiente
equilibrado, faz-se necessário a construção de uma sociedade justa e
igualitária, onde o respeito mútuo entre as etnias seja um dos principais
valores éticos.
O Dia da Consciência Negra é, então, uma
oportunidade para repensarmos as atitudes culturais que nos afastam da
irmandade entre os povos, pois a superação de estereótipos, definidos em um
passado e que tentam determinar o presente, é fundamental para a democracia, de
fato, acontecer. Todos nós somos responsáveis pela construção de uma sociedade
sem discriminação, seja econômica, racial, social ou cultural.
Que 20 de Novembro possa ser a data de celebração do que fazemos todos os
dias do ano: a busca por uma nova mentalidade.
Texto elaborado por: Giovanna
Bazzo Cavassani, Glícia Thalita Carvalho da Silva; Isabel Tejada Vergara;
Michely da Silva Bugança; Thiago Takeshi Takizawa (Graduando/as Extensionistas
da Universidade Estadual de Londrina)

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