1 de julho de 2015

Fala na abertura - Edição 2015 do GEAMA “Olhar Ambiental: 15 anos da Agenda 21”

Somos a primeira geração humana (dos 15 aos 65 anos) que vive sob um grande dilema: Compreendemos que utilizamos demais e de forma predatória os recursos naturais. Ampliamos nossa ocupação no planeta, modificamos sua geografia destruindo a flora e a fauna os biomas e a biodiversidade; Talvez seja esta a última oportunidade de fazermos algo, de mudarmos algo substantivo e não apenas repetirmos alguns adjetivos que se compõem em promessas e belas intenções; Sabemos o que não fazer e que se assim continuarmos teremos comprometido a vida no planeta e tudo que há de belo e gerador de esperanças para as gerações futuras; Percebemos que a ciência e a tecnologia que criou este mundo já não conseguem mais fornecer as respostas de que necessitamos: A ciência a tecnologia, a cultura, o modo de ser, de produzir, de consumir que nos levou a crise não serão os mesmos que vão nos tirar dela. Precisamos de algo novo. A humanidade, ao longo do tempo sempre que entrou em crise imaginou e criou várias tentativas de estabelecer uma Agenda Mundial. Podemos citar a Carta Magna de 1215 - (Inglaterra) isso há 800 anos atrás. Esta serviu como primeiro estatuto inglês e como base para a constituição britânica. Podemos citar a Declaração dos Direitos Humanos de 1948, pós segunda guerra mundial. Podemos citar as constituições dos mais diferentes países. Podemos citar de nossa última constituição de 1988. Podemos lembrar-nos de Cartas do FSM. E o Fórum Social Mundial é o principal encontro de discussão e contraposição ao atual modelo de Globalização, bem como ao neoliberalismo dominante. Lembramos dos inúmeros documentos, protocolos, Carta de Intenções, Declarações tiradas das Eco Conferências Mundiais que se multiplicaram principalmente a partir dos anos de 1970. Em muitas delas nos faz lembrar a possibilidade de termos um futuro comum. Ontem, dia 18 de junho, foi apresentada a nova encíclica papal – “sobre o cuidado da casa comum”. Papa Francisco, neste documento de 192 páginas fala sobre a necessidade da busca de um novo modelo de desenvolvimento que não se fundamente apenas no econômico e tecnológico. E o objetivo desta jornada que iniciamos hoje. Na virada do século XX para o século que vivemos A Carta da Terra com seus 4 eixos em 16 princípios e a Agenda 21 global com seus 40 capítulos. Na Agenda 21 cada país definiu as bases para preservar o meio ambiente a fim de possibilitar o desenvolvimento sustentável. A partir dela emergiram agendas nacionais, estaduais regionais, municipais e até mesmo de escolas e instituições diversas. Documentos pensados, elaborados e formatados da necessidade de dizer e acrescentar algo ao mundo. Documentos orientadores, inspiradores de um novo tempo, um tempo de paz, um tempo de bem estar, de recuperação e preservação ambiental, para que a vida em sua dimensão ampla possa se manifestar com qualidade. Tanto a Agenda 21, quanto a Carta da Terra, propõe a humanidade um conjunto de compromissos em que os homens, os países, as instituições, organizações, igrejas, movimentos sociais, os empresários, os trabalhadores, enfim todos pudessem dar prioridade à proposta de um desenvolvimento sustentável. Que ao estabelecer um diálogo civilizatório, no percurso encontrar denominadores comuns, consensos, uma unidade sobre a diversidade de expressões da vida. Pensamos no GEAMA que pouco se realizou em função de propostas efetivas de mudança de nossa forma de produzir, de consumir e de nossos comportamentos autodestrutivos. O momento é oportuno para a reflexão da crise civilizatória que nos envolve. Talvez nunca tenhamos presenciado tanta ausência de ética, de compromisso com a lealdade, com a vida; Por isso que o momento é oportuno. Pois como dizia o poeta: Apesar de vc amanhã há de ser um novo dia... E nesta jornada emerge uma demonstração de que acreditamos neste novo dia. Podemos com nossas percepções, conhecimentos, diferentes formas de ver e viver o mundo, tornar efetivo um diálogo necessário. Pois esta tem sido nossa tarefa: pensar, esclarecer as idéias e estabelecer uma sistemática que permita a compreensão socioambiental. Isto para orientar práticas efetivas de mudanças necessárias para que a vida com qualidade se estabeleça em todas as dimensões humanas e ambientais. E neste diálogo com as experiências e conhecimentos que adquirimos poderemos expandir uma consciência de mudança; Precisamos de coragem, de atitude, de uma nova ciência ética, de alternativas tecnológicas e, sobretudo de um novo comportamento humanitário que dê as condições para que os mais de 7,2 bilhões de pessoas possam viver com dignidade sem comprometer o amanhã; Contamos com muitos, muitos querem, muitos sonham. E se sonhamos podemos ser agentes de uma Educação para, no e com o ambiente e despertar assim um novo devir. Que oportunize a todos viver num chão planetário que nos proporcionou e nos proporcionará as condições da vida humana e da vida em geral. É nesta e com esta abordagem que propomos a Edição 2015 do GEAMA. 


Conto com vcs e muito obrigado! 

Prof. Dr. Paulo Bassani Coordenador do GEAMA

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