7 de agosto de 2014

Saiu na coluna "Opinião" do JL (Jornal de Londrina) 

de hoje (07/08/2014) um ótimo texto de autoria do 

Prof. Dr. Paulo Bassani.

Segue o texto na íntegra.Ótima leitura e reflexão a todos!

"Educação, Ciência e Sustentabilidade."


   Construir sociedades sustentáveis é o nosso desafio como cidadãos, como educadores. Esta não é uma tarefa fácil, mas é possível. Ser sustentável implica inicialmente, não continuar com a mesma forma de pensar e fazer o mundo, pois o modelo posto, já testado, desintegra, exclui, destrói a natureza e nos passa a nítida sensação de estarmos sendo enganados. De fato, vivemos contornados por uma forte alienação, por uma estupidez que não se sustenta. Ser sustentável é buscar integrar toda a teia da vida planetária, estimular as boas práticas que promovam a qualidade de vida, com cuidado e sensibilidade de ligar ou re-ligar o que é mais precioso: a vida humana e a natureza.
   Nesta fase da contemporaneidade, temos um mundo a construir. Precisamos de novos mapas, novas orientações, novas trilhas, novos paradigmas. As escolas e o ambiente escolar têm esse potencial de ser base e estopim para essa construção. Aprender a apreender, como dizia o filósofo Gasset, é antes de tudo imaginar, sonhar com algo melhor. Imaginar um mundo onde caibam todos os mais de 7 bilhões de seres humanos, com trabalho justo e com espaços democráticos onde todos tenham condições de viver a plenitude da existência. Podemos nesse ambiente escolar, agrupar sonhos semelhantes, factíveis, possíveis de serem exercitados e objetivados. Mas, sonhar não basta, precisamos fazer acontecer.
   Se juntos, apesar das diferenças, agregando as diferenças com carga imaginativa teremos mais força para fazer emergir um conhecimento melhor de nossa sociedade: quem somos e o que queremos. Um conhecimento gerador de instrumentos adequados que possibilitem participar, atuar, intervir com mais consciência e lucidez.
   Havendo uma escola preparada, todos que por lá passarem estarão preparados para tais comportamentos. Se elevarmos um pouco mais a qualidade, poderemos dar margem a outras e novas compreensões que vão além do pragmatismo, do utilitarismo e das distorções da racionalidade tecnológica moderna.
   Temos hoje condições técnicas, científicas e filosóficas de produzir uma ciência que fundamente a vida com qualidade, equilíbrio e prudência, que dê conta da complexidade e fragilidade de toda vida planetária. Refiro-me a elementos indicadores de um quadro teórico-metodológico que moldem um paradigma diverso do paradigma dominante. Que tenha como base o conhecimento contextualizado, local e global, e isso implica conhecer o funcionamento da vida em todas suas manifestações. Com essas e outras mudanças que se fazem necessárias, podemos redefinir nosso prolongamento, nossa sobrevivência no planeta.
   As sociedades humanas somente poderão existir e resistir se combinarmos a distribuição equitativa das necessidades reais de viver, à preservação da biodiversidade com uma democracia participativa.
*Paulo Bassani é sociólogo ambiental e professor-doutor da Universidade Estadual de Londrina

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