19 de outubro de 2012

Tempo de Lutar pela educação

 Espaço Aberto - Folha de Londrina

 Tempo de lutar pela Educação

Uma das características do homem ao longo da história foi lutar pelo que acredita. Acreditamos na vida, nos amigos, no trabalho, na crença de que o amanhã será melhor que hoje. Tais maneiras de encarar a vida nos inquietam, motivam nossa capacidade de pensar e atuar no mundo. Elevam em suma o princípio elementar da vida que todos buscamos: aqueles caminhos e oportunidades melhores para nossa qualidade de vida, fazendo com que nossos sonhos e utopias encontrem um terreno propício para fertilização.

De uma forma ou de outra, todos estão em movimento, procuram a melhor organização, isto é, ao lutar reivindicam aquelas passadas decisivas para definir as marcas importantes em nossa história. E ela, a nossa história, é sempre prenhe de potenciais que somos nós, e mais ninguém, a demonstrar sua viabilidade, o que há de factível nas formas, nos esboços realizados que traduzem nossa capacidade acumulada e desenvolvida ao longo dos anos.

Os estudantes lutam por melhor qualidade do ensino, das escolas e universidades. De fato esta é uma luta legítima e que merece toda consideração e apoio. Entretanto, penso também na condição de educador, professor, pensador preocupado na construção de um mundo e de pessoas melhores, pois se trata, nesse empreendimento formador, de preparar os cidadãos, homens e mulheres do amanhã. Futuros profissionais, públicos e privados, trabalhadores, empresários, políticos. E aí brota uma preocupação e, esta não é uma preocupação isolada, mas compartilhada por muitos profissionais da área de educação que produzem conhecimentos científicos e filosóficos fundamentais para compreender melhor os desafios de nosso tempo.

Este tecido humano de estudantes, jovens, no qual se constituem a matéria-prima que trabalhamos, encontramos alguns problemas que merecem uma apreciação. Carecem, no geral, bons alunos nos níveis fundamental, médio e universitário. Não obstante, pouco leem, consultam mais suas redes sociais, inclusive em sala de aula, não se interessam pelo saber, não buscam saber. Com baixo nível de concentração, não são pontuais, faltam por motivos fúteis, são intolerantes, no geral, conservadores. Pesquisas do Ipea sobre a nova classe média brasileira que, cresceu vertiginosamente, também apontam para estas questões acerca dos jovens.

Muitos aspectos podem ser enunciados para tentar decifrar estes problemas. Poderemos enunciar uma séria de situações desestruturação da família, drogas, mídias, o mau uso das redes sociais, o mercado. Nessa esteira, o educador ensina o aluno que quer ser educado e, encontrar elementos que não tem e que poderão compor sua formação, caso contrário, não necessitaria a escola, mas outros espaços onde encontraria os elementos que poderá dar conta de outras necessidades. E aí a situação se torna mais delicada.

Estamos no problema, juntos nesta e com esta questão. Temos que trilhar passadas muito mais largas, mais dialógicas para chegarmos juntos a um ideal de ensino-aprendizagem, onde podemos reaprender princípios como: tolerância, respeito, compromisso e sustentabilidade. E que a matéria a tecer nossas relações seja moldada de cuidado, gentileza, respeito, solidariedade, fecundidade e ética. Por aí penso que teremos possibilidades de afirmar que o processo educativo, em seus diferentes níveis possa, nos próximos anos, contribuir para formar homens e mulheres de um tempo melhor.

PAULO BASSANI é sociólogo e professor na Universidade Estadual de Londrina
Folha de Londrina, p. 02, 18/10/2012
Coluna - Espaço Aberto

2 comentários:

  1. Sempre uma análise crítica, pertinente e de forte conteúdo conteporâneo.

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  2. Um belo ensaio. Precisa aprofundar, espero que faças na continuidade.

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