O local sustentável e o sujeito
Crescer, econômica e socialmente, sem perder a identidade, mantendo ainda as qualidades ecológicas de uma região, de um território, não é tarefa fácil, uma vez que exige vários tipos de enfrentamento no tocante a interesses antagônicos, conflitos, comportamentos discrepantes e, não menos importante, atitudes socioprodutivas; tudo isso presente em uma forma de pensamento e ação nunca descolada de um determinado tempo, espaço, lugar. Atuar no interior desta lógica, não apenas preservacionista, mas também recuperadora, requer múltiplos atores envolvidos, o reconhecimento dos custos e dos benefícios demandados por tal desdobramento sustentável. Numa primeira instância, a instalação de um estágio de autodeterminação de uma determinada comunidade a partir de suas reais potencialidades e necessidades, um projeto imaginário no qual se colocam as formas alternativas de fundar a vida. E numa instância seguinte criar as aproximações e expectativas dos atores participantes com as potencialidades locais.
O local o qual se estruturam os municípios é um espaço onde atores podem exercitar a cidadania plena, criando e participando de ações com significados políticos, ajustando e avaliando iniciativas sustentáveis desejadas por todos. Isto é, a forma como os atores apreendem e se apropriam dos objetos ao se posicionar. O espaço territorial e cultural, a localidade, exprime a pertença que se constrói e se manifesta na organização das relações sociais que se manifestam de forma objetiva e subjetiva a partir de uma identificação da particularidade de ver e viver o mundo. Estas manifestações revelam, de uma forma ou de outra, elementos integradores com a dinâmica local, sem a qual, tudo indica, não haveria possibilidade de sociabilidade possível, fundada por normas e práticas, aceitas e testadas pela experiência cotidiana. O cotidiano local é também produtor de formas imaginadas ou vivenciadas que compõem um imaginário, ao mesmo tempo em que, estabelece elementos vinculares do conjunto de relações necessárias para elos partilhados pelos vínculos sociais com todos os demais atores envolvidos.
O local coloca em sintonia o foco do cotidiano, funda a relação do sujeito com o mundo e também com outros atores que fixam o vínculo social através de fatores materiais e imateriais. As escalas de visão e alcance do sujeito nessa dimensão dependem da capacidade de ler, interpretar e atuar num mundo em transformação.
*Paulo Bassani é sociólogo e professor da Universidade Estadual de Londrina
Bem construido. Um percepção crítica desta modernidade e das potencialidades locais.
ResponderExcluirParabéns prof. Bassani.
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