Para pensar a mensagem do
vírus*
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Como um ser tão pequeno,
submicroscópico e tão letal pode nos amedrontar, transtornar nosso cotidiano
envolto de preocupações típicas de nosso mundo. Um vírus que não tem uma
língua, não tem fronteiras e apresenta-se para todos os humanos com seu poder destruidor,
de forma invisível e silenciosa. Pelos cinco continentes se espalhou, e ao que
tudo indica não gosta muito de temperaturas quentes e nem tão frias aprecia
temperaturas amenas.
Aparece e quer coabitar em nossas vidas
nas melhores condições que o planeta nos oferece. Esperto esse vírus, pois não
se demonstra facilmente a ciência, nem tão pouco quer viver em desertos ou em
regiões glaciares. Quer estar onde a vida acontece com tudo de bom e de ruim
que a civilização construiu.
Quais as razões comuns e complementares
que compõem esses arranjos criados da mesma forma numa lógica inexplicável, com
ações incompreensíveis. Com códigos genéticos indecifráveis, desafia o
conhecimento adquirido e toda ciência ainda tem pouco a nos dizer.
A rigor, não posso concordar plenamente
com o que vem sendo dito sobre o vírus mortal. Cabe, neste momento, indagar
sobre as causas deste vírus, para depois trabalharmos nas suas conseqüências em
si. Isto porque a formulação de questões, de perguntas, está na base da
construção do conhecimento científico. Queremos dizer que observações mais
precisas mostram que este fenômeno ainda contém muitos mistérios, o que temos
em mãos são apenas pistas alentadoras que só produzem um pequeno passo adiante
na compreensão deste que afeta a vida humana no planeta como um todo. Por isso
hoje só estamos de posse de uma compreensão parcial deste fenômeno.
Trata-se, neste momento, de examinar as
correlações, suas conexões com os indicadores conhecidos e apresentados. E esse
conhecimento, a meu ver, e de muitos outros, não pode ser formatado pela
compreensão do fenômeno tomado isoladamente, ou de uma única causa, há
elementos imbricados, alguns conhecidos outros desconhecidos. A possível
“certeza”, fundamenta-se basicamente desta multiplicidade de elementos. Os
riscos dos “erros” serão tão menores quando for desmembrada a complexidade por
ele apresentada, para tornar a soma das evidências, em algo que reduza a
complexidade em elementos inteligíveis numa coerência que possa ser facilmente
entendida.
Teremos, em breve, é o que imaginamos
um saber sistematizado, que possa trazer alento a todos. Compreendemos através
de um princípio que vá do geral ao específico, de um fenômeno abstrato para
suas especificidades concretas. Onde perguntas e formulações científicas
poderão ser esclarecedoras e compreensíveis, de forma sistemática para a
população em geral.
Cabe dizer, “seu COVID-19”, o senhor,
ou senhora, não é bem-vindo para coabitar conosco, você já nos alertou a
necessidade de mudarmos, já foi longe demais, nos dê esta oportunidade de
ajustarmos nossa rota, tomarmos outro caminho. Estamos nesse tempo, construindo
novos mapas, possibilitados por você, mas você não fará mais parte, pois
entendemos a mensagem que nos deixaste. Vá e não retorne, permita que a
humanidade tenha outra chance de acertar.
*Paulo Bassani, professor doutor em
Ciências Sociais da UEL e sociólogo
**Folha de Londrina – Espaço Aberto- pág. 02 - 29 Abril 2020
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