Era dos Extremos e suas
manifestações: Porque pensar e escrever*
Estamos cruzando um momento
civilizatório da experiência do humano sobre o planeta Terra de altos riscos,
de alta tensão. Estudo as mudanças climáticas desde o inicio dos anos de 1990. A
Eco-Conferência do Rio de Janeiro foi um momento inspirador e motivador para
dedicar os estudos e pesquisas com o propósito de entender, analisar e propor no
limite, mudanças sobre o ritmo derradeiro da marca humana no planeta, tanto a
nível local quanto global. Como
pesquisador, educador e extensionista universitário pude exercitar esse
pensamento e essas práticas.
Nesta fase de minha vida intelectual
sinto-me um pequeno escritor com alguns livros e outros no prelo, capítulos de
livros, artigos e ensaios científicos e filosóficos. Não um autor que vive
mercadologicamente daquilo que escreve, produz.
Sinto as possibilidades no ar de viver um momento fértil de produção de
ideias, pensamentos e perspectivas do amanhã.
Não me nego analisar o presente, mas
prefiro dedicar meus esforços intelectuais dialogando com o futuro, com o que
ainda não se manifestou. Essa é nossa tarefa, sonhar e construir utopias, pois
como seres humanos fui compreendendo que inteligência não basta, é necessário
utilizar nossos esforços para a imaginação e criatividade e, pensar etapas e
dimensões que possam, de maneira emancipatória, melhor expressar nossa condição
humana neste planeta.
Percebo que estamos cruzando um longo
e tenebroso inverno e, não apenas climático, onde a escuridão e a aridez
desértica predominam. E nesse momento todo cuidado, concentração é importante
para não se deixar levar pela insensatez que tende a tomar conta do ato de
pensar, refletir e escrever. Porém,
nossa tarefa, como exercício permanente é necessária, para que nas brechas da
escuridão, alguma luz e lucidez possam emergir.
Trata-se de descobrir e encontrar pistas para os sonhos e as utopias da
humanidade de um futuro como outras bases epistêmicas e hermenêuticas.
Esta lucidez caminha paralela ao chão
histórico no qual nos encontramos, estabelecendo um ponto de vista
argumentativo deste território, com formas supridoras de perceber as mazelas e
visões razas de mundo que nos atrofia. Em domínio, no campo da estupidez, há uma
visão e a correspondente prática que não acolhe, oportuniza, não integra os
seres humanos e, maltrata, impacta e destrói a biodiversidade, animal, vegetal,
micro e macro. Tudo indica uma forte retomada de um passado no qual a expressão
de ciência, presente na lógica de dominação, poder, tem sua expressão
acentuada, manifesta de maneira visível e dolorosa.
Penso, reflito, leio e escrevo neste
tempo de pandemia, de incertezas, de mudanças climáticas extremas e de
angustias profundas. A pandemia do Covid em curso, juntamente com o calor extremo
do hemisfério norte e de um frio pouco visto no hemisfério sul, e isso
associado ao desemprego, a insegurança alimentar e fome se alastrando as
populações.
Mas ainda há na profundeza do pensamento, a
sensibilidade de sentir a vida pulsar com o calor necessário para energizar um
novo tempo, que em breve virá. Leio e escrevo utopias, um exercício humano
fundante, porque em minhas veias corre sangue que aquece um coração que bate
forte e sente as pulsações de nosso povo de “nosso” planeta.
Esse novo tempo será de reconciliação
do homem, para com sua espécie e, dele para com a natureza. As mazelas
distorcidas prenhes na derme e epiderme dos seres humanos serão substituídas
por um tempo de lucidez de nossa condição humana. Ai entenderemos que todo o
esforço deve se dirigir para o empreendimento de vida, vida plena.
*Paulo Bassani é Sociólogo e Educador
Ambiental e Professor Universitário

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