29 de julho de 2021

 

Ensaio



Era dos Extremos e suas manifestações: Porque pensar e escrever*

 

Estamos cruzando um momento civilizatório da experiência do humano sobre o planeta Terra de altos riscos, de alta tensão. Estudo as mudanças climáticas desde o inicio dos anos de 1990. A Eco-Conferência do Rio de Janeiro foi um momento inspirador e motivador para dedicar os estudos e pesquisas com o propósito de entender, analisar e propor no limite, mudanças sobre o ritmo derradeiro da marca humana no planeta, tanto a nível local quanto global.  Como pesquisador, educador e extensionista universitário pude exercitar esse pensamento e essas práticas.

Nesta fase de minha vida intelectual sinto-me um pequeno escritor com alguns livros e outros no prelo, capítulos de livros, artigos e ensaios científicos e filosóficos. Não um autor que vive mercadologicamente daquilo que escreve, produz.  Sinto as possibilidades no ar de viver um momento fértil de produção de ideias, pensamentos e perspectivas do amanhã.

Não me nego analisar o presente, mas prefiro dedicar meus esforços intelectuais dialogando com o futuro, com o que ainda não se manifestou. Essa é nossa tarefa, sonhar e construir utopias, pois como seres humanos fui compreendendo que inteligência não basta, é necessário utilizar nossos esforços para a imaginação e criatividade e, pensar etapas e dimensões que possam, de maneira emancipatória, melhor expressar nossa condição humana neste planeta. 

Percebo que estamos cruzando um longo e tenebroso inverno e, não apenas climático, onde a escuridão e a aridez desértica predominam. E nesse momento todo cuidado, concentração é importante para não se deixar levar pela insensatez que tende a tomar conta do ato de pensar, refletir e escrever.  Porém, nossa tarefa, como exercício permanente é necessária, para que nas brechas da escuridão, alguma luz e lucidez possam emergir.  Trata-se de descobrir e encontrar pistas para os sonhos e as utopias da humanidade de um futuro como outras bases epistêmicas e hermenêuticas.

Esta lucidez caminha paralela ao chão histórico no qual nos encontramos, estabelecendo um ponto de vista argumentativo deste território, com formas supridoras de perceber as mazelas e visões razas de mundo que nos atrofia. Em domínio, no campo da estupidez, há uma visão e a correspondente prática que não acolhe, oportuniza, não integra os seres humanos e, maltrata, impacta e destrói a biodiversidade, animal, vegetal, micro e macro. Tudo indica uma forte retomada de um passado no qual a expressão de ciência, presente na lógica de dominação, poder, tem sua expressão acentuada, manifesta de maneira visível e dolorosa.

Penso, reflito, leio e escrevo neste tempo de pandemia, de incertezas, de mudanças climáticas extremas e de angustias profundas. A pandemia do Covid em curso, juntamente com o calor extremo do hemisfério norte e de um frio pouco visto no hemisfério sul, e isso associado ao desemprego, a insegurança alimentar e fome se alastrando as populações.

 Mas ainda há na profundeza do pensamento, a sensibilidade de sentir a vida pulsar com o calor necessário para energizar um novo tempo, que em breve virá. Leio e escrevo utopias, um exercício humano fundante, porque em minhas veias corre sangue que aquece um coração que bate forte e sente as pulsações de nosso povo de “nosso” planeta.

Esse novo tempo será de reconciliação do homem, para com sua espécie e, dele para com a natureza. As mazelas distorcidas prenhes na derme e epiderme dos seres humanos serão substituídas por um tempo de lucidez de nossa condição humana. Ai entenderemos que todo o esforço deve se dirigir para o empreendimento de vida, vida plena.

*Paulo Bassani é Sociólogo e Educador Ambiental e Professor Universitário


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