Na aridez e dureza do asfalto*
Há flores que brotam
!
Há uma imensa
angustia para elencar fatores críticos diante de tantas informações,
inverdades, contradições e interesses, de como observar e entender a realidade
que vivemos.
Da ignorância do passageiro, a inobservância do apressado, da
insensibilidade do sapato engraxado, do olhar desatento do estudante
mediatizado, do surdo e aguçado ouvido curioso.
Há uma cegueira instalada nas ruas, nas praças, no asfalto...
Mas há flores que brotam...
Deter-se diante dela é entender que há resistência, há força,
tanta beleza oculta, nesta pequena e frágil expressão da natureza, que seus
códigos nos perturbam.Há flores no
asfalto!
Brotam contra
tudo, contra todos áridos corações.
Insistem em
sobreviver, querem viver...
Do frio e duro asfalto ao aquecimento em curso,
a delicadeza poética de suas cores, expressa a luta silenciosa diária para regenerar-se,
resistente a seca de valores, as inundações de
vazios, dos ventos ocos e do ruído infame.
Seria este um sinal emergente !
Sinal da vida a se expressar no duro asfalto, o qual por
entre as brechas, indagações inquietantes, se escondem.
Forjado no duro cotidiano criado por contextos de modos de
viver que nos amedrontam.
De peitos endurecidos não percebem a vida na sua finitude, simplicidade
e beleza.
Mesmo assim insistem em seus esforços,
Tentando reter o amanhã.
Mas ele há de vir e virá com todo seu brilho e esplendor.
Pois é assim que nascem e se realizam as utopias,
Por entre as frestas do duro asfalto.
*Paulo Bassani é Sociólogo Ambiental, Professor da UEL

Nenhum comentário:
Postar um comentário