14 de janeiro de 2022


 

Poeta da Vida*

(minha homenagem a Thiago de Mello)

 

Não quero dizer o que pensar

Não quero dizer o que fazer

Não quero direcionar ninguém

Quero apenas lembrar

Que somos seres criativos, imaginativos e sensíveis

E podemos criar novos jeitos de viver,

Novos jeitos de caminhar,

Que poderão determinar o que pensar,

O que fazer,

Para onde nos direcionar.

Na poesia, na arte, na ciência e na filosofia

Há inúmeros caminhos

Ainda não percorridos

Com um novo olhar

Vamos traçar essas possibilidades

Que emergem sempre que o sol brilha,

Sempre que chuva cai

Quando a árvore cresce

E a brisa nos envolve,

Tudo nos enfatiza o viver,

Com a sensibilidade que está presente

Na teia da vida que nos rodeia

Que nos alimenta,

Que nos ressignifica

Que nos resulta.


*Paulo Bassani poeta, sociólogo,  ensaísta e professor universitário

3 de janeiro de 2022

 




Versando a Pandemia*

 

Em nosso tempo dos vinte e vinte e um.

Um medo silencioso

Um extermínio invisível

Na qual a humanidade foi submetida.

Esta nossa geração jamais esquecerá

As experiências com as perdas reais

De muitos familiares, amigos, conhecidos

E milhões e milhões de desconhecidos pelo mundo afora.

Vivemos momentos finais, com pessoas que até ontem

Estavam percorrendo as ruas de nossas cidades,

Freqüentando os mesmos espaços que freqüentamos

Fazendo parte de nossas vidas,

Estavam entre os nossos contatos presenciais e on-line.

Hoje se instalou um grande vazio, muitas incertezas,

Pois não entendemos a força invisível que retira a vida de muitos.

O que sabemos hoje é o valor da vida,

Cada dia elevamos a gratidão por ela.

Somos sobreviventes da pandemia

Pois destes números não fizemos parte

E os números foram gigantes,

E o desencantamento tomou  conta.

Perdemos a vida comum,

A vida coletiva no trabalho, esporte, nos festejos e no lazer,

Retiramo-nos como forma de proteção

Negamos vida para ganhar a vida.

Algo muito complexo para entendermos hoje,

Mas compreenderemos, quem sabe, no prosseguir da vida

Esse momento que insiste em permanecer

Quando desejamos seu findar.

Para que a vida se reinicie e, quem sabe,

Com outros e novos valores, outras novas utopias,

Outros e novos sonhos,

Outros e novas paixões e, destas

A paixão pela vida que nos é a mais grata.

 

*Paulo Bassani é Sociólogo e Professor Universitário

tanosite - Santo Antônio da Platina 
PR - 31/12/2021  -Geral - Artigo


31 de dezembro de 2021


Série
PENSAMENTOS EMERGENTES

XX. Não existe uma receita pronta, um mapa desenhado, um traçado definido. Tudo são construtos de ideias e práticas que se evidenciam no processo, com suas complexas formas de se constituírem sem as determinações lógicas experimentadas e que nos levaram a este ponto. As formas que edificam o construto de realidades futuras se estabelecem na dimensão do negar, do avaliar, do não conhecer. Isso não significa, um “vazio histórico”, significa uma composição histórica construída sem as determinações mentalizadas e práticas de um passado equivocado.

 *Paulo Bassani, Sociólogo http://geamauel.blogspot.com/

 

 

27 de dezembro de 2021



Série 
PENSAMENTOS EMERGENTES


 XIX-“Qualquer separação entre objetividade e subjetividade parece pouco fecunda a análise crítica. Uma forma prudente de conhecer é quando se distingue, por um lado, os processos objetivos que existem independentemente de nossa percepção, e outros que dependem de nós e, por outro lado, processos subjetivos que brotam de nossos desejos, emoções, intenções. A questão é dar conta de suas complexas inter-relações e interdependências. Isto significa identificar que refletimos criticamente sobre o modo como contribuímos para construir realidades que desconhecemos e rejeitamos, assim com as que as projetamos e realizamos”

 Paulo Bassani  2021- http://geamauel.blogspot.com/

 


 



             Tarefa difícil e complexa*

O intelectual é um ser pensante, que não deveria estar preso a esta ou aquela teoria, este ou aquele autor, este ou aquele partido político, esta ou aquela religião, mas ter em seu cérebro, seus estudos, capacidades de articular um conjunto enorme de explicações que obteve ao longo da história e de suas reflexões e análises e, esta não é uma tarefa fácil. Exige leitura, concentração, dedicação, tempo, discernimento, distanciamentos e aproximações. A essência de um intelectual é de que ele transcenda as ideias rasas de seu tempo, lembrando que as preocupações comuns do cotidiano, já fazem parte de suas análises. No entanto, atento, não deixa de entender o espírito de sua época diante do que é esclarecedor e o que é obscurantismo, do que é evidente e do que se esconde.

 O que o intelectual tenta é demonstrar no pensamento, as questões gerais, as questões amplas, com um olhar mais profundo, para tanto busca sempre que necessário, incorporar as experiências  que ocorrem em nosso tempo, em nosso cotidiano. Isso significa estar atento as questões globais quanto às questões locais.  Quando ouve, lê uma notícia não emite uma opinião rápida, simples, rasa. É prudente parar para pensar, verificar a veracidade, a origem, como ela se expressa, por quem e de que forma foi elaborada. Isso implica checar a fonte da informação para efetivar a  credibilidade no processo de análise.

   É comum estabelecer uma relação contextual, ampliando suas correlações, para depois estabelecer uma análise com maior fecundidade. É, necessariamente, um defensor da liberdade de expressão em suas manifestações filosóficas, artísticas, culturais e científicas. É muito complexo o livre pensar numa sociedade onde as narrativas carregam uma cegueira sobre falas e experiências que acreditam serem absolutas, ou são estas, ou nada são. Principalmente quando estas narrativas surgem de um contexto político complexo, porém de pura experimentação de algo que acredita ser a expressão única, hegemônica.

Talvez, seja um bom momento para a desconstrução, demolição das formas convencionais para, no montante de resíduos resultantes, verificar as possibilidade de aproveitamento de parte deles, selecionando-os atribuindo uma ressignificação sob a forma do novo. Agora, não bastam esses resíduos, necessitamos de outros materiais. No entanto, esses, se manifestam nos processos visíveis e invisíveis que ocorrem pelos recantos de uma realidade líquida, perversa. E aí há muito trabalho de análise, muito trabalho para explicar o curso que as coisas estão assumindo. Uma série de questões entram em cena, necessitamos cautela para enfrentá-las, necessitamos de boas cabeças para problematizar e analisar, afim de, criticamente construir e reconstruir permanentemente o pensamento. Temos que, como uma tribo de pessoas críticas e sensíveis ao pensar, ir ao encontro da esperança, da utopia que sonhamos e desejamos. Precisamos aprender sobre a natureza que é a mãe de tudo, para compreendermos mais e melhor a nossa própria natureza, e entender-se melhor como ser humano, com nossos propósitos, nossas tarefas, nossas missões. Mesmo que ainda não tenhamos identificadas, mas elas estão por aí em algum lugar.

 E, quem sabe, o fruto dessa compreensão, processo do pensar, dessa codificação, possa surgir às novas formas para estabelecer dinâmicas que sejam orientadas por outras lógicas, horizontalizadas, conscientes, emancipadas. Não há caminho para a sustentabilidade sem uma educação emancipada e crítica, com formação e capacitação de pessoas que possam compreender o significado e a natureza deste modelo embrionário. São princípios e valores que remetem a história de um novo tempo para pensá-lo e fazê-lo não apenas diferente, mas transformado. A fim de buscarmos as respostas e formas seguras, consistentes, precisamos conhecer melhor o chão onde elas ocorrem. Isso implica em conhecer e saber o que fazer, e no percurso deste conhecimento orientar nossas ações.

Hoje há milhões de brasileiros que perderam o trem. Ficaram na estação ou foram abandonados no percurso. Esse trem do crescimento, do progresso, do desenvolvimentismo não para de se manifestar e, a cada dia, deixa mais pessoas pelo caminho. Os intelectuais, pensadores, não podem negar esta realidade. Deverão estimular as transformações que elevem todos os sujeitos a um envolvimento necessário, dos contatos entre seres com seus direitos cidadãs garantidos para compor o ambiente de dignidade e qualidade, inicialmente do território onde vivem e na seqüência de sua amplitude universal. Porque temos esta tarefa: pensar e propiciar, como fruto desse pensamento, coisas boas coisas que emancipam os seres humanos a outro estágio civilizatório.

*Paulo Bassani é Sociólogo e Professor Universitário

Folha de Londrina - Espaço Aberto - Pág. 02, Londrina – PR – 27/12/2021


 

20 de dezembro de 2021

 


                                                        



A parte e o todo: uma análise sociológica a partir da obra de Werner Heisenberg*

 Resumo

Uma análise da obra “A parte e o todo” de Heisenberg é um grande desafio quem se propõe. Não se trata de algo simples analisar a trajetória cientifica do criador da física quântica, pois ainda hoje se trata de algo pouco compreendido.

 Palavras chave: Ciência. Metodologia. Pesquisador. Física Quântica, Ciências Sociais

  

*Paulo Bassani

Sociólogo, Professor Universitário e Escritor

   

Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa

ISSN 0104-8112  -   pág. 179-186  - Londrina, v. 37, n. 73, jul./dez. 2021

 


 

                                                         

     Publicado em 14/12/2021 
    Santo Antônio da Platina



                                                                A busca pelo ser*

 

A busca do conhecer saber que me inspira

Complementa minha composição de homem e natureza

Forjados da mesma matéria e do mesmo espírito,

Na forma líquida e sólida, objetiva e subjetiva,

Em tempos comuns e complementares,

Enfatiza arranjos criados pela lógica inexplicável,

Por razões incompreensíveis.

E dos caminhos que hoje me conduzem

Na busca de padrões para estabelecer a vida:

Encontro-me entre o ser natureza e ser ciência, 

Ser filosofia e ser imaginação

Ser racional e irracional,

Ser o pensar e ser o cotidiano

Ser a criatividade e a repetição,

Ser o sonho e ser o concreto,

Ser vencível e o invencível,

Ser tangível e o intangível,

Sui generis e igualável.

Um ser e estar no mundo moderno

Cheio de desafios

Que subjuga a formatos,

A valores, padrões, comportamentos

Que confundem e nos distanciam

Que nos cega e nos ilumina.

Um mundo com profundas e confusas transformações

Se sou apenas tudo que posso nesta caminhada,

Nada estou neste mundo.

Sou apenas a utopia,

Os sonhos não sonhados

Que vagueiam por entre caminhos

E possibilidades numa busca constante...

 

*Paulo Bassani poeta e ensaista